Como o #BookTok se tornou um lugar para fãs de livros no TikTok
Da alemã Sarah Sprinz ao suíço Joël Dicker, a presença de autores no TikTok, aplicativo em tese pouco provável quando o assunto é literatura, é cada vez maior.
A hashtag #BookTok aparece cada vez mais na rede social devido ao grande número de leitores que publicam suas resenhas.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Para alguns pode parece estranho uma plataforma conhecida por seus vídeos curtos, com efeitos visuais ou música, incentivar a leitura, atividade que exige certo grau de concentração.
No entanto, o aplicativo virou um formato eficaz para apresentação das obras favoritas dos usuários e, em alguns casos, aumentar a popularidade dos livros.
Por conta da crescente influência, pela primeira vez a Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento do mundo dedicado à literatura, tornou o TikTok um de seus parceiros.
A tendência "é super importante para mim", diz Sarah Sprinz, autora do livro best-seller "Dunbridge Academy", ambientado em um internato da Escócia.
"Acho que contribuiu para o meu sucesso, porque vi muitos vídeos que recomendavam meus livros", comentou a escritora em uma entrevista à AFP durante a feira.
Sprinz, de 26 anos, acredita que o TikTok oferece um canal particularmente adequado para atrair novos públicos e fomentar o prazer da leitura entre os mais jovens.
"Eu realmente acredito que você tem que estar em todos os canais que permitem a leitura ou façam as pessoas lerem", diz o suíço Joël Dicker, autor do sucesso de vendas "A verdade sobre o caso Harry Quebert".
Segundo o TikTok, aplicativo da ByteDance, com sede na China, o #BookTok acumula mais de 84 bilhões de visualizações.
A plataforma se tornou "um lugar onde os livros são recomendados e descobertos, mas também onde as críticas são compartilhadas ou a cultura dos fãs é explorada", explica Tobias Henning, diretor do aplicativo na Alemanha, leste e oeste da Europa.
E isso "tem um impacto real nas vendas de livros no mundo", observa Henning.
"Gosto de novos romances adultos e tento postar um ou dois vídeos por semana", disse Sofia Reinbold, de 17 anos, à AFP. Ela visitou a Feira de Frankfurt após saber sobre o evento no aplicativo de vídeos.
"Muitas vezes recebo comentários de seguidores que leem minhas recomendações e acabam comprando os livros", conta Reibold.
A autora Sarah Sprinz explica o fenômeno #BookTok em duas partes. A primeira por ser uma plataforma visual que permite mostrar pensamentos sobre suas leituras, já a outra, o aceleramento da tendência por conta do confinamento na pandemia.
"Muitas pessoas podem ter se sentido solitárias e isoladas", e o TikTok as ajudou a "reconectar e encontrar hobbies comuns, como ler", supõe Sprinz.
É claro que um livro não consegue ter sucesso apenas graças às redes.
"O TikTok e o #BookTok são uma espécie de multiplicadores e uma boa oportunidade para recomendar livros", mas ela destaca que uma coisa é necessária acima de tudo: "O livro tem que ser bom".