Partido Comunista da China se reúne para reeleger Xi Jinping

Quase 2.300 delegados do Partido Comunista da China (PCC) se reúnem em Pequim no domingo (16) para um Congresso Nacional que deve levar à reeleição de Xi Jinping para um terceiro mandato.

Salvo grande surpresa nesta semana do conclave, o líder de 69 anos será ratificado como secretário-geral do partido, prelúdio de sua reeleição como presidente no ano que vem, o que o consolidará como o líder mais poderoso desde Mao Tsé-Tung.

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"Esta reunião será o evento político mais relevante na China em décadas" e marcará os rumos do país nos próximos dez anos ou mais, disse a consultoria Trivium China, convencida de que Xi obterá um novo mandato de cinco anos.

O conclave quinquenal começará neste domingo às 10h00, horário local (23h00 de sábado em Brasília) no Grande Salão do Povo, um enorme edifício na Praça Tiananmen de Pequim, com um discurso do líder chinês, no poder desde 2012.

Xi revisará seu último mandato, mas também oferecerá um roteiro para os próximos cinco anos. Os conclaves anteriores sugerem que o discurso será longo: em 2017 ele falou por três horas e meia.

O porta-voz do Congresso, Sun Yeli, disse em entrevista coletiva neste sábado que o evento terminará em 22 de outubro, o que significa que a escolha de Xi e do resto da liderança do partido deve ser revelada no dia seguinte.

Neste conclave altamente coreografado, realizado em grande parte a portas fechadas, os 2.296 participantes também nomearão os cerca de 200 membros do Comitê Central.

Esses membros, por sua vez, designarão os 25 membros do Bureau Político e aqueles que comporão o poderoso Comitê Permanente, órgão máximo decisório do país.

Uma das questões-chave da reunião vai girar em torno da manutenção ou não da estratégia restritiva 'covid-zero' de combate à pandemia do coronavírus.

Essa política reforçou o controle social sobre os cidadãos, com cada um de seus movimentos registrado digitalmente, em um país já criticado por violações de direitos humanos.

Apesar dos inconvenientes e dos danos econômicos causados, a mídia estatal defendeu esta semana que "afrouxar" as restrições seria "irresponsável".

"É um paradoxo", disse Valarie Tan, analista do Mercator Institute for China Studies (MERICS), em Berlim. "Xi sairá do Congresso realmente com muito poder, mas o país que ele comanda está com problemas."

O quase isolamento da China do resto do mundo e os repetidos confinamentos sufocaram o crescimento, que pode ser o menor em quatro décadas, com exceção de 2020, quando a economia global afundou com o surto da pandemia.

"Você vê cansaço depois de quase três anos de medidas covid-zero", disse Tan. E o descontentamento "surge à tona" nas redes sociais, alertou.

Esta semana, a máquina de censura digital da China removeu praticamente todas as referências a um raro protesto em Pequim com faixas denunciando o presidente Xi e sua política sanitária.

Vídeos e fotos compartilhados nas redes sociais na quinta-feira pareciam mostrar um manifestante colocando dois cartazes pintados à mão com frases críticas contra o poder em uma ponte da capital.

Um dos cartazes atacava virulentamente a política sanitária do país e o outro incitava os cidadãos a se manifestarem e derrubarem o "ditador traidor Xi Jinping".

A abertura do congresso seguirá um rigoroso protocolo "covid-zero", com os organizadores e jornalistas isolados em uma bolha e sem contato com o mundo exterior dois dias antes do início das reuniões.

Os participantes devem ser submetidos diariamente a testes de covid-19 antes de participar dos eventos, alguns organizados por videoconferência em vez de pessoalmente.

Em um hotel no oeste de Pequim, os organizadores montaram um centro de mídia repleto de exibições exaltando Xi e decoradas com as cores vermelho e dourado, marca registrada do PCC.

Espalhadas pelo local estão mesas com livros sobre o pensamento de Xi e o desenvolvimento chinês, além de uma exibição com um "humano digital" de inteligência artificial que conta piadas e canta músicas.

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