Emprego segue forte nos EUA e mercado se prepara para novos aumentos dos juros

14:42 | Out. 07, 2022

Por: AFP

O mercado de trabalho nos Estados Unidos gerou menos vagas que o esperado em setembro, mas continua forte e a taxa de desocupação voltou a baixar, o que gera a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central) mantenha seu curso de aumento dos juros para combater a inflação.

A taxa de desemprego voltou ao nível de 3,5% em setembro, o mesmo de julho e também o mesmo de fevereiro de 2020, antes da pandemia, um mínimo histórico, informou nesta sexta-feira (7) o Departamento de Trabalho. Em agosto havia subido para 3,7%.

Enquanto isso, o número de empregos criados no mês passado ficou em 263.000, contra 315.000 em agosto. Analistas esperavam uma taxa de 3,7% e entre 250.000 e 275.000 postos criados.

O Fed, que aumenta suas taxas para tentar esfriar a economia e reduzir a pressão sobre os preços, tem no mercado de trabalho um de seus parâmetros principais para decidir sobre as taxas de juros. Paradoxalmente, uma certa degradação do mercado de trabalho é desejável em momentos de inflação recorde, para que a pressão sobre os preços diminua.

O presidente Joe Biden fará um discurso sobre a economia às 13h35 locais (14h35 em Brasília) em uma fábrica da Volvo em Hagerstown, Maryland.

Há cerca de um ano, o mercado de trabalho sofre com a escassez de mão de obra. As empresas têm dificuldades para contratar, aumentam os salários para manter seus empregados e, com isso, os preços sobem por maior demanda.

"A demanda de parte dos empregadores segue forte e a disponibilidade melhora do lado dos trabalhadores", indicou na quarta-feira Nela Richardson, economista-chefe da companhia de serviços ADP, após divulgação da pesquisa mensal sobre empregos no setor privado.

Christopher Waller, um dos governadores do Fed, indicou na quinta-feira que "houve alguma moderação no mercado de trabalho, mas continua tensionado", por isso o banco central deveria "se concentrar 100% em reduzir a inflação", ou seja, continuar subindo as taxas de juros para conter a demanda. Juros mais altos encarecem o crédito e, assim, reduzem o consumo e os investimentos.

"A política deve permanecer focada em restabelecer a estabilidade dos preços, o que criará as bases de um mercado de trabalho sólido", opinou, por sua vez, Lisa Cook, outra governadora do Federal Reserve.

A inflação nos últimos 12 meses registrou queda em agosto, para 8,3%, segundo o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês).

De acordo com outro índice de inflação, o PCE, o preferido do banco central, os preços aumentaram 6,2% em 12 meses.

Os mercados de valores reagiram negativamente diante desses dados de emprego, e a perspectiva de que os fortes aumentos dos juros continuem nos Estados Unidos.

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