Coreia do Norte testa míssil que sobrevoa o Japão

00:02 | Out. 05, 2022

Por: DW

Lançamento obriga autoridades japonesas a emitir alertas para a população e suspender circulação de trens pela primeira vez em cinco anos. Comunidade internacional condena disparo.Pela primeira vez em cinco anos, a Coreia do Norte lançou nesta terça-feira (04/10) um míssil que sobrevoou o norte do arquipélago do Japão e forçou autoridades japonesas a emitir alertas para moradores e suspender a circulação ferroviária na região. O disparo foi a demonstração de armas mais provocativa realizada por Pyongyang neste ano. O míssil foi disparado às 7h23 (horário local) em direção ao Mar do Japão, segundo o Exército sul-coreano, enquanto o governo japonês relatou que caiu em um ponto não especificado do mar, depois de ter ativado o alerta civil nas províncias de Hokkaido e Aomori, as mais setentrionais do arquipélago. O artefato percorreu uma distância de cerca de 4,5 mil quilômetros. "A Coreia do Norte lançou hoje um míssil em direção ao leste. Este míssil balístico passou sobre a região de Tohoku (norte do Japão), e acreditamos que tenha caído em águas fora da zona econômica exclusiva do Japão por volta das 7h44", afirmou em coletiva de imprensa o porta-voz do Executivo japonês, Hirokazu Matsuno. O porta-voz também destacou que não há evidências de danos a aeronaves ou barcos devido ao impacto do míssil. Autoridades emitiram um alerta aos moradores das regiões para saírem dos prédios próximos à rota do míssil e a circulação ferroviária foi temporariamente suspensa. Por sua vez, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul detalhou em um comunicado que se tratava de um "míssil balístico de alcance intermediário" lançado da província de Jagang, localizada no norte do país vizinho e na fronteira com a China. Esta é a primeira vez que o Japão ativa seu sistema de alerta de trajetória de mísseis desde 15 de setembro de 2017, quando outro projétil norte-coreano sobrevoou Hokkaido. Escalada de tensão Numa nova escalada de tensões na península, o lançamento é a quinta rodada de testes de armas da Coreia do Norte nos últimos dez dias e tem sido associada como uma resposta aos exercícios militares conjuntos do Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Os testes de Pyongyang coincidiram também com a visita à Coreia do Sul da vice-presidente americana, Kamala Harris, que esteve em Seul em 29 de setembro, numa viagem para destacar o compromisso "inabalável" de Washington em defender Seul. Na ocasião, Harris visitou a Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias. Seul, Tóquio e Washington realizaram ainda no final de setembro exercícios antissubmarino trilaterais pela primeira vez em cinco anos. Pyongyang considera os exercícios militares liderados pelos EUA na região como uma preparação para uma invasão, embora os países tenham negado repetidamente qualquer intenção de atacar a Coreia do Norte. As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito da década de 1950 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz. Líderes internacionais condenam disparos Os Estados Unidos condenaram o quinto lançamento da Coreia do Norte, que consideraram "imprudente e perigoso", e afirmaram que continuaram os esforços para limitar o avanço do desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano. O conselheiro para a Segurança Nacional dos EUA, Jack Sullivan, se encontrou ainda com os homólogos sul-coreano e japonês para desenvolver uma "resposta internacional apropriada e robusta" e reafirmar o "compromisso de ferro" dos Estados Unidos na defesa do Japão e da Coreia do Sul, disse a porta-voz Adrienne Watson. O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, também prometeu "uma resposta firme". O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, condenou o disparo e afirmou que ele foi um "ato imprudente". O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também criticou o lançamento, classificando o ato de uma "agressão injustificada". Segundo Michel, o disparo é "uma tentativa deliberada" de colocar em risco "a segurança na região". "A União Europeia está solidária com o Japão e a Coreia do Sul", acrescentou. A Coreia do Norte, que está sujeita a sanções da ONU pelo seu programa de armas, procura habitualmente maximizar o impacto geopolítico de seus testes, escolhendo o momento que parece mais oportuno. cn/rk (EFE, Lusa, AP)