Ondas de calor e incêndios florestais irão piorar qualidade do ar, alerta ONU
22:04 | Set. 06, 2022
As ondas de calor e os incêndios florestais se tornarão mais frequentes, intensos e duradouros devido às mudanças climáticas, piorando a qualidade do ar e a saúde humana, alertou a ONU nesta quarta-feira.
Segundo um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão das Nações Unidas, a interação entre poluição e as mudanças climáticas levará a uma "penalidade climática" que afetará milhões de pessoas.
O boletim anual da OMM sobre a qualidade do ar e o clima foca no impacto da fumaça dos incêndios florestais em 2021, ano em que, assim como em 2020, o calor e a seca exacerbaram a propagação dos incêndios florestais no oeste da América do Norte e na Sibéria, o que causou um aumento considerável das taxas de partículas em suspensão (PM 2,5), prejudiciais à saúde.
"Espera-se que os incêndios florestais e a poluição atmosférica relacionada aumentem, mesmo em um cenário de baixas emissões", advertiu o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, ressaltando que esse fenômeno terá consequências na saúde humana, mas também nos ecossistemas, uma vez que os poluentes atmosféricos se depositam na superfície da Terra.
"Isso aconteceu nas ondas de calor que ocorreram na Europa e na China neste ano, quando as condições estáveis na alta atmosfera, a luz solar e a baixa velocidade do vento levaram a níveis altos de poluição", destacou Taalas.
Segundo as observações em escala global, a superfície total anual queimada mostra uma tendência de queda nos últimos dois anos, graças à diminuição do número de incêndios em savanas e pastagens.
- Avanço -
Ainda assim, em escala continental, tendências ascendentes são observadas em algumas regiões, especialmente em áreas do oeste da América do Norte, na Amazônia e na Austrália.
Incêndios florestais intensos causaram concentrações anormalmente altas de PM 2,5 na Sibéria, no Canadá e no oeste dos Estados Unidos em julho e agosto de 2021. No leste da Sibéria, essas concentrações atingiram "níveis nunca vistos", apontou a OMM, principalmente por causa de temperaturas particularmente altas e da seca.
Sobre o ocorrido neste ano, "é uma antecipação do futuro, uma vez que se espera um novo aumento na frequência, intensidade e duração das ondas de calor", explicou Taalas. Isso poderia piorar ainda mais a qualidade do ar, um fenômeno chamado "penalidade climática", que se refere ao efeito de amplificação das mudanças climáticas na produção de ozônio no nível do solo,em detrimento do ar que respiramos, destaca o relatório.
Segundo projeções, as regiões em que esse fenômeno será mais perceptível - a maioria, na Ásia - abrigam cerca de um quarto da população mundial, indicou Lorenzo Labrador, responsável científico da OMM. As mudanças climáticas, ao intensificarem os episódios de poluição por ozônio na superfície, poderiam prejudicar a saúde de centenas de milhões de pessoas.
Estimativas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam que a probabilidade de incêndios florestais catastróficos (como os observados no centro do Chile em 2017, na Austrália em 2019 e no oeste dos Estados Unidos em 2020 e 2021) deve aumentar entre 40% e 60% até o fim do século se as emissões forem altas; e entre 30% e 50% se forem baixas.
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