Nasa prepara nave para desviar asteroide da Terra

A Nasa tentará nesta segunda-feira (26) algo que nunca foi feito antes: desviar a trajetória de um asteroide colidindo uma nave camicase contra ele, em um inovador teste de "defesa planetária" que deverá proteger melhor a Terra de uma possível ameaça futura.

O asteroide alvo deste teste não representa nenhum risco.

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Mas a missão, denominada DART, deveria "ajudar a determinar nossa resposta se detectarmos um asteroide que ameace colidir com a Terra" no futuro, disse nesta segunda o chefe da Nasa, Bill Nelson.

O momento do impacto, a 11 milhões de quilômetros da Terra, poderá ser acompanhado ao vivo no canal da Nasa.

A nave, que não é maior que um carro, decolou em novembro da Califórnia. Após dez meses de viagem, deve cumprir seu objetivo às 20h14 de Brasília (23h14 GMT) desta segunda-feira a uma velocidade superior aos 20.000 km/h.

"Estamos mudando o movimento de um corpo celeste natural no espaço. A humanidade nunca tinha feito isso antes", disse Tom Statler, cientista-chefe da missão. "É tirado dos livros de ficção científica e dos episódios de Jornada nas Estrelas, de quando eu era criança. E agora é real".

O alvo na verdade é um par de asteroides: um grande, Didymos (de 780 metros de diâmetro) e seu satélite, Dimorphos (de 160 metros de diâmetro), em órbita em volta do primeiro. Os dois ficam a apenas um quilômetro de distância um do outro.

É contra o pequeno, Dimorphos, que a nave deve colidir. Este asteroide orbita o maior em 11 horas e 55 minutos. O que se busca é reduzir sua órbita em dez minutos.

Esta mudança pode ser medida com telescópios na Terra, observando a variação do brilho quando o asteroide menor passar na frente do maior.

Mas, quando saberemos se funcionou?

"Ficaria surpreso se tivéssemos evidência clara em menos de uns poucos dias e me surpreenderia se levasse mais de três semanas", disse Statler.

Enquanto isso, nesta segunda, a câmera integrada da nave, chamada DRACO, capturará uma imagem por segundo. Estas imagens chegarão à Terra com um atraso de apenas 45 segundos.

Para atingir um alvo tão pequeno, a nave se dirigirá de forma autônoma durante as últimas quatro horas como um míssil teleguiado.

Primeiro, visará Didymos, antes que Dimorphos apareça.

O pequeno asteroide, do qual nunca foram vistas imagens antes, inicialmente não parecerá maior do que um pixel, antes de encher todo o campo visual, até que ocorra o silêncio do rádio após a explosão.

As aproximadamente quarenta pessoas presentes na sala de controle do Laboratório de Física Aplicada (APL), da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, estarão prontas para intervir se for necessário.

Três minutos depois, um satélite do tamanho de uma caixa de sapatos, denominado LICIACube, e lançado pela DART há alguns dias, passará aproximadamente a 55 km do asteroide para capturar imagens da colisão, que serão enviadas à Terra nas próximas semanas e meses.

O evento também será observado pelos telescópios espaciais Hubble e James Webb, que devem detectar uma nuvem de poeira brilhante.

Tudo isso deverá permitir compreender melhor a composição de Dimorphos, representativo de uma população de asteroides bastante comuns e, portanto, medir o efeito que esta técnica, denominada de impacto cinético, pode ter sobre eles.

Os asteroides já surpreenderam os cientistas no passado.

Em 2020, a sonda americana Osiris-Rex afundou mais do que o esperado na superfície do asteroide Bennu.

Atualmente, desconhece-se a porosidade do Dimorphos. "Se o asteroide responder ao impacto da DART de uma forma totalmente imprevista, na verdade poderia nos levar a reconsiderar até que ponto o impacto cinético é uma técnica generalizável", destacou Statler.

Nenhum asteroide conhecido ameaça a Terra nos próximos cem anos.

Em suas imediações foram catalogados cerca de 30.000 asteroides de todos os tamanhos, os quais são chamados objetos próximos da Terra, ou seja, cuja órbita cruza a terrestre.

Os de um quilômetro ou mais foram quase todos avistados, segundo os cientistas. Mas eles estimam que só sejam conhecidos cerca de 40% dos asteroides que medem 140 metros ou mais, capazes de devastar uma região inteira.

"Nosso trabalho mais importante é encontrar" os que faltam, disse Lindley Johnson, agente de defesa planetária da Nasa.

Quanto antes forem detectados, mais tempo os especialistas terão para determinar a melhor forma de nos defendermos deles.

Mas a missão DART é um primeiro passo crucial, disse Johnson: "É um momento muito emocionante (...) para a história espacial, e inclusive para a história da humanidade".

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