Universidade de Cambridge lucrou com escravidão, diz estudo

Investigação da própria Universidade descobriu que instituição não se envolveu diretamente no comércio de pessoas escravizadas, mas teve "benefícios significativos" de maneira indireta

06:20 | Set. 23, 2022

Por: Bemfica de Oliva
Senate House, prédio da Universidade de Cambridge construído em 1720 (foto: Divulgação/Universidade de Cambridge)

A Universidade de Cambridge, no Reino Unido, lucrou com a escravidão pelo menos até a década de 1850. A descoberta vem de uma investigação realizada pela própria Universidade, uma das instituições de ensino superior de maior renome do mundo.

A pesquisa, começada em 2019, foi encomendada pelo vice-reitor da instituição. O estudo descobriu que, embora não tenha se envolvido diretamente no comércio de pessoas escravizadas, a Universidade teve "benefícios significativos" com a prática, de forma indireta.

Parte disso teria vindo de investimentos em outras empresas, cujo lucro era diretamente ligado à escravidão. É o caso da Companhia das Índias Orientais e da Companhia dos Mares do Sul, firmas de comércio internacional que operaram até a segunda metade do século XIX.

Outra parcela dos ganhos indiretos com a escravidão teria vindo de doações e pagamentos feitos por propietários de fazendas que usavam mão de obra escravizada. Os documentos também mostraram que parte dos professores e pesquisadores de Cambridge financiavam e participavam de movimentos a favor da escravidão.

No anúncio da investigação, a Universidade também revelou que está lançando uma série de medidas de reparação histórica. Uma delas será a criação de um centro de pesquisas focado nos "legados" da escravidão, que buscará investigar mais a fundo a história das populações negras no Reino Unido.

Também serão oferecidas novas bolsas de estudos voltadas a pessoas negras, especialmente na pós-graduação. As bolsas já existentes, de graduação, serão ampliadas, e programas de intercâmbio com universidades da África e do Caribe devem ser criados para expandir o acesso de pessoas destes locais a Cambridge.

Por fim, serão feitas uma série de alterações em ruas dos campi da Universidade e placas de contextualização em monumentos que homenageiam escravagistas. Exposições de arte com foco em pessoas negras egressas de Cambridge também serão realizadas.

Mais notícias internacionais