Racismo, mortes e traições... as crises enfrentadas por Elizabeth II

17:04 | Set. 08, 2022

Por: AFP

Da dramática morte de sua nora, a princesa Diana, às acusações de racismo lançadas por seu neto Henry e sua esposa, Meghan, Elizabeth II enfrentou várias crises que abalaram a monarquia durante seu reinado.

Com a morte do príncipe consorte, Philip, duque de Edimburgo, em abril de 2021, Elizabeth II perdeu o homem por quem se apaixonou na adolescência e com quem estava casada há mais de 70 anos.

Por ela, Philip renunciou aos títulos de príncipe da Dinamarca e da Grécia que recebera ao nascer, adquiriu a nacionalidade britânica e adotou o sobrenome de sua mãe, Mountbatten.

Ele fez milhares de compromissos públicos com ela até sua aposentadoria em 2017. Uma dedicação à qual Elizabeth II prestou homenagem, chamando-o de seu "pilar".

A amizade do príncipe Andrew com o financista americano Jeffrey Epstein teve seu preço quando este, acusado de explorar sexualmente menores, cometeu suicídio na prisão. Uma americana, Virgina Giuffre, alegou que foi forçada por Epstein a fazer sexo com Andrew, o que ele negou.

Mas quando tentou se defender na BBC, o príncipe apresentou um desempenho desastroso, com negativas pouco convincentes e sem empatia pelas vítimas de seu amigo.

Muitas das empresas e universidades com as quais colaborava decidiram rescindir relações e ele teve que se retirar da vida pública.

Em janeiro de 2022, o príncipe foi privado de suas honras militares pela rainha e deixou de usar o título de Alteza Real.

Harry e Meghan anunciaram em 8 de janeiro de 2020, para surpresa de todos, que estavam deixando seus deveres reais. O casal, que rejuvenesceu a monarquia, disse que queria ser financeiramente independente e ir morar na América do Norte, primeiro no Canadá e logo depois na Califórnia.

Sua partida foi apelidada de "Megxit" pela imprensa britânica. Após um acordo temporário de um ano, Buckingham ordenou que eles renunciassem definitivamente a seus títulos honorários e patrocínios.

Pouco depois, surgiu uma notícia sobre algumas antigas queixas de assédio de Meghan a um ex-funcionário quando, em 2018, ainda moravam no palácio. A casa real anunciou que iria investigar.

Em entrevista à estrela de televisão americana Oprah Winfrey em março de 2021, Meghan disse que teve pensamentos suicidas no palácio e foi negado apoio psicológico por prejudicar a imagem da instituição.

A ex-atriz, que é afrodescendente, afirmou ainda que, quando estava grávida, um membro da família real manifestou preocupação com a cor da pele do filho. A rainha anunciou que essa grave acusação seria tratada na família.

Elizabeth II foi amplamente criticada por sua falta de compaixão quando, em 1997, a "princesa do povo", Diana, mãe de William e Harry, morreu em um acidente de carro.

Adorada pelas massas, dois anos antes ela havia denunciado na televisão a infidelidade do marido, herdeiro do trono.

Enquanto a população enlutada colocava milhões de flores do lado de fora dos portões dos palácios de Buckingham e Kensington, o príncipe Charles e a rainha Elizabeth se permaneceram em seu castelo escocês em Balmoral.

Apesar da onda de indignação que varreu o país, a soberana não saiu de seu silêncio até a véspera do funeral, quando fez um excepcional discurso televisionado.

O ano de 1992 foi um "annus horribilis" para a rainha, diante dos problemas conjugais de três de seus quatro filhos. A separação mais difícil foi a do príncipe Charles e Diana, após onze anos de casamento tumultuado. Eles se divorciaram quatro anos depois.

Nesse mesmo ano, Andrew se separou de Sarah Ferguson, fotografada de seios nus no sul da França com seu consultor financeiro lambendo os dedos de seus pés. Eles se divorciaram em 1996.

A única filha da soberana, a princesa Anne, divorciou-se de seu primeiro marido, Mark Phillips, três anos após a separação altamente divulgada em 1989.

Apelidada de princesa rebelde, Margaret, irmã mais nova de Elizabeth II, abalou as tradições e convenções impostas anos antes pela família real, que a impediam de viver seu grande amor.

Ela se casou com Antony Armstrong-Jones, um fotógrafo de moda e cinema um tanto boêmio, em 1960, depois de ser forçada a desistir de seu relacionamento com o militar divorciado Peter Townsend.

O casal se divorciou em 1978, após o enésimo escândalo causado por suas traições.

Quando criança, Elizabeth se tornou princesa de Gales e herdeira do trono quando, priorizando o amor sobre o dever, seu tio, o rei Edward VIII, causou um verdadeiro terremoto ao abdicar em 1936.

Ele o fez após apenas 326 dias de reinado, para se casar com Wallis Simpson, uma plebeia americana duas vezes divorciada, rejeitada pela Igreja Anglicana.

Como consequência, o antigo soberano foi repudiado e substituído por seu irmão, o rei George VI, pai de Elizabeth, que assim viu seu destino truncado para sempre por esta crise.

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