França e Alemanha acordam ajuda mútua para enfrentar crise do gás

França e Alemanha se abastecerão mutuamente de energia em caso de necessidade durante o inverno, anunciou nesta segunda-feira (5) o presidente francês Emmanuel Macron, que questionou um gasoduto promovido pela Espanha para contornar a diminuição do gás fornecido pela Rússia à Europa.

"Vamos terminar as conexões para poder fornecer gás à Alemanha", que se preparará "para produzir mais eletricidade e fornecer [à França] em situações de pico" de consumo, indicou Macron em entrevista coletiva.

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O presidente francês conversou com o chefe do Governo alemão, Olaf Scholz, sobre a crise energética numa União Europeia (UE) que se prepara para enfrentar o inverno boreal com menos gás russo no final do ano.

A Rússia afirmou nesta segunda-feira que a interrupção do fornecimento de gás russo à Alemanha, através do gasoduto Nord Stream, era da exclusiva responsabilidade do Ocidente, porque as sanções impostas pela guerra na Ucrânia impediam a manutenção das infraestruturas.

Antes da invasão russa da Ucrânia, a Nord Stream fornecia um terço dos 153 bilhões de metros cúbicos de gás que a UE compra anualmente.

Para compensar a queda ou mesmo o fim do gás russo, os europeus lutam para encontrar outros exportadores e reduzir seu consumo, em um contexto de aumento dos preços e temores de recessão.

Cortar o gás russo custaria à França um ponto de seu crescimento, segundo Paris.

E os apelos à "solidariedade europeia" multiplicam-se.

Paris, menos dependente da Rússia e que já possui 93% de reservas de gás, prometeu assim ajudar a Alemanha, cujas importações de gás russo em fevereiro atingiram 55%.

Por sua vez, para aliviar a falta de gás na Europa Central, a Espanha propôs a retomada do projeto do gasoduto Midcat, lançado em 2013 e abandonado em 2019 devido ao seu impacto ambiental e seu então baixo interesse econômico, buscando inclusive o apoio de Berlim.

O apoio da França, porém, é decisivo, porque a interconexão passaria por seu território. Nesse sentido, Macron questionou sua necessidade.

"Não estou convencido de que precisamos de mais interconexões de gás [entre França e Espanha], cujas consequências, especialmente no meio ambiente e nos ecossistemas, são muito importantes", disse.

A crise energética se traduz na França em temores de eventuais cortes de energia, principalmente quando suas usinas nucleares, que representam quase 70% de sua produção, enfrentam problemas de corrosão que obrigaram à suspensão de 32 dos 56 reatores.

Além da solidariedade europeia, especialmente com a Alemanha, o governo francês defende reservas de gás e economia de energia para enfrentar o inverno, mas não descarta possíveis racionamentos ou cortes de eletricidade se seus apelos para economizar não funcionarem.

"Se coletivamente soubermos nos comportar com mais sobriedade e economizar energia em todos os lugares, não haverá racionamentos ou cortes", reiterou o chefe de Estado, que estabeleceu uma meta de "economia de energia de 10%" em relação a um período sem crise.

Os supermercados e as redes de distribuição já prometeram desligar os letreiros luminosos à noite, muitas empresas são obrigadas a manter as portas fechadas se tiverem o ar condicionado ligado e os franceses são chamados a moderar o consumo.

Outra consequência da crise é o aumento do preço da eletricidade porque, independentemente do seu modo de produção, está ligada ao preço do gás, que atingiu níveis históricos desde a invasão russa da Ucrânia.

tjc/mb/mr

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