Bolsonaro e Lula trocam acusações em primeiro debate
06:10 | Ago. 29, 2022
O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocaram acusações no domingo à noite, no primeiro debate na TV para as eleições de outubro.
Esta foi a primeira vez que os dois rivais políticos se encontraram frente a frente.
"Seu governo foi o mais corrupto da história do Brasil", afirmou ultradireitista Bolsonaro, de 67 anos, em sua primeira declaração para o líder da esquerda, favorito nas pesquisas. Minutos antes do debate, o presidente chamou Lula de "ladrão".
Lula, de 76 anos, respondeu com a defesa dos avanços sociais de seus governos (2003-2010) e afirmou que o atual presidente "está destruindo" o país.
Os dois candidatos trocaram acusações sobre mentir e disseminar informações falsas.
Organizado por um grupo de veículos de comunicação, incluindo a Rede Bandeirantes e o jornal Folha de S. Paulo, o debate é o primeiro do calendário de campanha antes do primeiro turno de 2 de outubro.
No início do debate, Lula concentrou o discurso na defesa do meio ambiente e da Amazônia, enquanto Bolsonaro foi criticado pelos demais candidatos pelo aumento do desmatamento durante seu mandato, o avanço da inflação e a fome.
Em um dos momentos mais tensos, o presidente atacou a jornalista Vera Magalhães por afirmar em uma pergunta que Bolsonaro divulgou desinformação sobre as vacinas anticovid.
"Vera, você dorme pensando em mim, tem alguma paixão por mim. Não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse o presidente.
Tratado como misógino posteriormente pela senadora e candidata Simone Tebet, Bolsonaro rebateu as críticas e disse que este é um "discurso barato".
Lula lidera a corrida presidencial com 47% das intenções de voto, contra 32% de Bolsonaro, segundo uma pesquisa do instituto Datafolha publicada em 18 de agosto. Outras pesquisas apontam uma vantagem menor.
Além de Lula e Bolsonaro, o debate reuniu outros quatro candidatos: o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes, terceiro nas pesquisas (7%); Tebet, que aparece em quarto nas intenções de voto (2%); a senadora Soraya Thronicke e Felipe D'Avila, ambos com menos de 1% nas pesquisas.
Inicialmente, os organizadores do debate informaram que, por sorteio, Lula e Bolsonaro ficariam lado a lado, mas as posições foram alteradas de última hora.
Questionado antes do debate sobre o motivo da mudança, Bolsonaro disse que não teria problemas em aparecer ao lado de Lula, mas que "não apertaria a mão de um ladrão".
Bolsonaro fez referência aos escândalos de corrupção durante os mandatos de Lula, em particular os desvios milionários em contratos da Petrobras, investigados na operação "Lava Jato".
Lula ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019 depois de ser condenado por corrupção. Em 2021, a justiça anulou as condenações por considerar que o tribunal que o havia julgado em primeira instância não tinha competência no caso.
O ex-presidente defendeu que sua inocência foi provada, mas os demais candidatos o acusaram de "corrupção".
"Lula esta muito tímido e errando em alguns pontos. Ele não está tão afiado", declarou à AFP o analista político André Cesar, da consultoria Hold. "Bolsonaro está mais solto, soltando suas frases, rindo. Nesse sentido, Bolsonaro venceu por 1 a 0", disse.
Sem plateia no estúdio, a tensão era palpável na sala ao lado, onde jornalistas e políticos acompanharam o debate em um telão.
No local foi registrado um princípio de tumulto durante uma discussão entre o deputado federal André Janones, aliado de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro Ricardo Salles, que quase partiram para a briga.
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