No fundo do oceano, o movimento dos continentes orquestrou a evolução da vida

Os cientistas conseguiram, graças à modelagem 3D, voltar aos tempos geológicos mais antigos para traçar a evolução dos oceanos por cerca de 540 milhões de anos

E se tudo acontecesse nas fossas abissais? Desde o início da vida na Terra, a biodiversidade marinha evoluiu com o oxigênio proveniente dos movimentos dos continentes, e não apenas da atmosfera, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira, 17, na Nature.

Os cientistas conseguiram, graças à modelagem 3D, voltar aos tempos geológicos mais antigos para traçar a evolução dos oceanos por cerca de 540 milhões de anos.

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Foi no início do chamado período Cambriano que surgiram as primeiras formas de vida complexa - além de simples organismos unicelulares - como as trilobitas, esses artrópodes marinhos que desapareceram durante uma das primeiras extinções em massa.

"Os grandes planos para a organização dos seres vivos, ou seja, a vida como a conhecemos hoje, surgiram há 500 milhões de anos", detalha o paleoclimatologista Alexandre Pohl, pesquisador do laboratório CNRS Biogeosciences (Dijon) e principal autor do estudo.

Então, durante o Ordoviciano, há 460 milhões de anos, a biodiversidade experimentou uma verdadeira explosão. Provavelmente graças à oxigenação das águas, onde os níveis de concentração de oxigênio tornaram os locais propícios ao desenvolvimento da fauna.

É de grande aceitação que esta "oxigenação marinha" resulta de mudanças no oxigênio na atmosfera. Mas ao refinar vários modelos climáticos existentes, Alexandre Pohl e sua equipe descobriram que essas evoluções também foram amplamente ditadas pelas placas tectônicas, os movimentos de reorganização da posição dos continentes.

Eles realizaram simulações numéricas de correntes oceânicas, modificadas por placas tectônicas, que mostram um "grande desacoplamento entre a oxigenação do oceano superficial e profundo", explica o pesquisador da Universidade de Bourgogne-Franche Comté.

Seu modelo sugere, portanto, que antes da explosão da biodiversidade do Ordoviciano, o oceano profundo era pouco oxigenado, embora as concentrações na atmosfera já fossem relativamente altas.

Sinal de que a oxigenação das águas profundas interveio então pelo movimento geológico das placas, independentemente do que se passasse no ar.

Há 540 milhões de anos, o supercontinente que precedeu a Pangea, chamado Pannotia, começou a se desintegrar. Ao longo das reconfigurações, que se estendem por milhões de anos, os níveis de oxigênio marinho variaram, provavelmente desempenhando um papel fundamental na evolução das espécies.

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