Protestos massivos ao som de vuvuzelas no encerramento da campanha presidencial no Quênia
16:23 | Ago. 06, 2022
Os dois favoritos nas eleições presidenciais da próxima terça-feira no Quênia prometeram um futuro econômico melhor para o país da África Oriental em comícios animados em Nairóbi neste sábado(6).
As pesquisas anunciam um resultado apertado entre dois dos quatro candidatos: Raila Odinga, um ex-preso político de 77 anos, que está concorrendo pela quinta vez; e o atual vice-presidente, William Ruto, 55.
Ambos encerraram suas campanhas depois de percorrerem durante meses os 580.000 km2 do país, distribuindo brindes, alimentos e pequenas quantias em dinheiro. As eleições designarão o sucessor de Uhuru Kenyatta, no cargo desde 2013, que por disposição constitucional não pode concorrer a um terceiro mandato.
Também elegerão os deputados e representantes locais deste país de 55 milhões de habitantes, considerado um motor econômico regional, mas duramente atingido pela pandemia, pela pior seca em quatro décadas e pela guerra na Ucrânia.
Se nenhum dos candidatos obtiver mais de 50% dos votos, haverá um segundo turno entre os dois primeiros colocados em até 30 dias.
Cerca de 60.000 pessoas lotaram o estádio Kasarani desde a manhã, dançando ao som de longas vuvuzelas e vestidas de laranja e azul, as cores da coalizão Azimio la Umoja (Busca pela Unidade) liderada por "Baba" ('pai', em suaíli) Odinga.
O líder veterano, que depois de anos na oposição agora tem o apoio do poder, chegou no meio da tarde, usando um amplo chapéu azul e fazendo promessas de prosperidade e união.
Odinga prometeu, se eleito, transformar o Quênia em um país "de esperança e oportunidade" e formar "uma grande tribo nacional" com as 46 que povoam esta ex-colônia britânica, independente desde 1963.
William Ruto encerrou a campanha a poucos quilômetros, no igualmente lotado estádio Nyayo, e destacou a luta contra a corrupção, que o coloca na posição 128 (de um total de 180) no ranking deste mal, enumerado pela ONG Transparência Internacional.
Ruto, da Aliança Democrática Unida (UDA), prometeu "reduzir o custo de vida para que todos possam ter uma refeição digna", bem como um "plano de emprego massivo para os jovens", que representam 40% dos 22 . 1 milhão de cidadãos convocados às urnas.
A inflação chegou a 8,3% em julho e quem vencer as eleições "terá que baixar os preços" dos combustíveis e dos alimentos, disse à AFP Brian Kiprotich, estudante de 22 anos.
"Tento encontrar qualquer emprego, limpando casas, lavando roupas, desde que me paguem. Mas nem sempre consigo. Mal conseguimos sobreviver", explicou Grace Kawira, uma mãe desempregada de 32 anos.
De acordo com o Banco Mundial, três em cada dez quenianos vivem com menos de US$ 1,90 por dia. Essa situação pode levar, segundo alguns analistas, muitos eleitores a votar na terça-feira mais por razões econômicas do que por lealdades tribais tradicionais.
A campanha foi intensa nas mídias sociais, mas levou a poucos incidentes.
Nas eleições anteriores houve tumultos e vítimas. Em 2007-2008, confrontos étnico-políticos deixaram mais de 1.100 mortos e centenas de milhares de deslocados. Em 2017, o Supremo Tribunal anulou a eleição e ordenou uma nova votação.
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