Funcionários públicos protestam por 'salários justos' na Venezuela

Aos gritos de "salários justos!", centenas de professores, docentes universitários, trabalhadores da saúde e aposentados da administração pública marcharam em Caracas, a capital da Venezuela, nesta quinta-feira (4), para exigir a revisão da tabela de salários e o pagamento de benefícios pendentes.

Entre a multidão, que marchou rumo a várias sedes administrativas situadas no centro da capital venezuelana, Odalis Velásquez gritava palavras de ordem junto de seus companheiros para reivindicar um "salário digno" e sua "reconstrução", pois os valores foram corroídos por anos de inflação.

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"Tenho que sair para vender café, vendo comida, vendo sorvete, não é fácil a situação dos docentes", contou à AFP Odalis, que tem mais de 15 anos de serviço, ao denunciar que os funcionários públicos foram despojados de seus "bônus por antiguidade".

O protesto, que foi acompanhado em vários trechos por agentes de segurança, transcorreu sem problemas.

Apesar de o governo ter reajustado este ano os salários dos funcionários públicos, o montante - que pode oscilar entre 50 e 100 dólares, com base no tempo de serviço - continua sendo insuficiente para custear uma cesta básica, estimada em quase 500 dólares.

Com a voz rouca de tanto gritar palavras de ordem, a professora Yuli Gutiérrez, de 33 anos, disse que compareceu ao protesto com a esperança de que a situação dos funcionários que trabalham para as instituições do governo seja revista.

"Faço o possível para poder sobreviver, já que o salário que um docente recebe em nosso país não serve para nada", ressaltou.

Para muitos, é impossível gastar com roupas e calçados. Como prova disso, José Cadiz, um enfermeiro de 46 anos, marchou descalço enquanto exibia seus sapatos furados.

"Peguem as fotos dos meus sapatos e comparem com os sapatos de [Nicolás] Maduro para que vejam quem está melhor vestido", afirmou o trabalhador com mais de 20 anos de experiência no setor de saúde.

Aposentada depois de 36 anos como enfermeira em hospitais públicos, Emida Carmona, de 78 anos, marchou segurando uma panela vazia.

"Quero que me paguem para poder encher esta panela vazia. Eles prometeram nos pagar as férias e o bônus recreativo, e cadê? Pergunto ao meu presidente se ele tem que fazer o mesmo para poder sustentar sua família?", questionou.

O salário mínimo na Venezuela aumentou 1.700% em março, para 126 bolívares, o equivalente a 22 dólares na taxa oficial na época.

mbj/jt/yow/rpr/am

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