Caramujo-gigante-africano preocupa condado da Flórida
15:06 | Jul. 26, 2022
Não mede mais do que 20 centímetros e também não é o mais rápido dos animais, mas sua presença preocupa um condado inteiro da Flórida. O caramujo-gigante-africano, um molusco voraz e perigoso para os humanos, obrigou as autoridades a lançar uma operação para erradicá-lo.
Desde 23 de junho, funcionários do Departamento de Agricultura da Flórida percorrem os jardins de New Port Richey, a pequena cidade no oeste do estado onde essa espécie invasora foi detectada.
"O caramujo-gigante-africano [Achatina fulica] é uma praga agrícola que se alimenta de mais de 500 tipos diferentes de plantas. Por isso, estamos preocupados que esteja em nosso meio ambiente", explica Jason Stanley, biólogo do Departamento de Agricultura.
Esse molusco é um perigo para os campos agrícolas e se reproduz em grande velocidade, já que um único espécime pode botar cerca de 2.000 ovos por ano, acrescenta o especialista.
As autoridades suspeitam que este caramujo, originário da África Oriental, tenha chegado à Flórida, no sudeste dos Estados Unidos, porque alguém o trouxe para mantê-lo como animal de estimação.
"Sua carne é branca em comparação com a maioria dos caramujos desse tipo que são acastanhados, e esse fenótipo é muito popular no comércio de animais de estimação", diz Stanley.
A poucos metros dele, Mellon, um cão treinado para localizar o caramujo, caminha com sua instrutora por uma propriedade em New Port Richey.
O labrador vai debaixo de uma árvore, vasculha a grama, fareja e, quando avista um de seus alvos, senta-se em cima.
Com a ajuda dele e de outro cão rastreador, cerca de 1.200 exemplares já foram encontrados naquela área do município de Pasco, onde estão sendo feitos esforços para erradicar a invasão com metaldeído, um pesticida inofensivo para humanos e animais, segundo às autoridades da Flórida.
O Departamento de Agricultura também impôs uma área de quarentena em New Port Richey, da qual plantas e outros materiais vegetais não podem ser removidos devido ao risco de propagação.
"Outro problema com esse caramujo é que ele carrega o verme pulmonar de rato, que pode causar meningite em humanos", diz Stanley.
Esse parasita, detectado entre os espécimes do condado de Pasco, entra nos pulmões dos ratos quando comem caramujos e, a partir daí, é disperso por roedores que tossem.
Se um humano ingere um desses vermes, geralmente ele vai para o tronco cerebral e é aí que pode causar meningite, explica o biólogo.
Jay Pasqua ainda não acredita na comoção causada pelo caramujo. No final de junho, um funcionário do Departamento de Agricultura foi à sua oficina de venda e consertos de cortadores em New Port Richey para alertá-lo sobre a presença da espécie invasora.
"No começo foi muito engraçado ver toda a atenção", diz o homem de 64 anos. "Mas depois que começamos a entender o processo de crescimento, como chegaram aqui e quais doenças e problemas causam, isso se tornou uma preocupação".
Desde então, ele encontrou dezenas de espécimes em seu jardim, embora não tenha visto nenhum por três dias.
O caramujo-gigante-africano já foi erradicado duas vezes em outras partes da Flórida. A primeira foi em 1975 e a segunda em 2021 no condado de Miami-Dade (sudeste), após 10 anos de esforços e um investimento de 23 milhões de dólares.
Stanley acha que desta vez será mais fácil. "No momento está restrito a uma área e já estamos monitorando e tratando essa área. Portanto, temos grandes esperanças de que não demore tanto [para erradicá-lo] aqui", diz ele.
gma/dga/yow/mr