Mortes por overdose nos EUA dispararam entre negros e nativos americanos durante a pandemia

As mortes por overdose em 2020 aumentaram 44% entre afrodescendentes e 39% entre nativos americanos, em relação a 2019. De acordo com um relatório oficial publicado nesta terça-feira (19), o aumento dessas mortes se deve, em parte, à falta de acesso aos cuidados e à intensificação da desigualdade durante a pandemia.

"O racismo, uma das causas fundamentais das disparidades na saúde, continua sendo uma grave ameaça à saúde pública que afeta diretamente o bem-estar de milhões de americanos", afirmou Debra Houry, vice-diretora interina dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em uma reunião informativa.

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"O aumento desproporcional nas taxas de mortalidade por overdose entre negros e índios americanos/nativos do Alasca pode ser, em parte, devido as desigualdades na questão da saúde, como acesso díspar ao tratamento do uso de substâncias e preconceitos no tratamento".

Segundo o relatório dos CDC, o recente aumento das mortes está relacionado, em grande parte, ao fenatil e análogos de fentanil (FMI) fabricados ilegalmente.

Antes da pandemia, o índice de mortes por overdose era semelhante para afro-americanos, nativos americanos e brancos, com 27, 26 e 25 entre cada 100.000 pessoas em 2019, respectivamente.

Mas a situação mudou radicalmente em 2020, quando os números passaram para 39, 36 e 31 entre cada 100.000 pessoas, respectivamente.

Embora o aumento entre os brancos não tenha sido tão grande quanto os outros casos, a nova taxa representa um recorde histórico.

Os resultados mostram que o percentual de óbitos é quase sete vezes maior entre os homens negros com 65 anos ou mais em relação aos brancos.

Os afrodescendentes de 15 a 24 anos tiveram o maior aumento na taxa, 86%, em comparação com as mudanças observadas em outros grupos.

"Houve uma porcentagem substancialmente menor de pessoas de grupos raciais e étnicos minoritários que mostraram evidências de terem passado por um tratamento para o uso de substâncias, em comparação com os brancos", disse Mbabazi Kariisa, cientista de saúde dos CDC.

De fato, a maioria das vítimas de overdose não mostrou sinais de ter recebido tratamento antes de sua morte.

As áreas com a maior diferença de renda entre ricos e pobres apresentaram as maiores taxas de mortalidade.

Estar em situação de pobreza "pode levar à falta de moradia estável, transporte confiável e plano de saúde, dificultando ainda mais o acesso ao tratamento e outros serviços de apoio", apontou Kariisa.

Sobre as recomendações, Houry disse ser fundamental conscientizar sobre a letalidade das drogas ilícitas, principalmente o fentanil, e incentivar a população a fazer o tratamento com naloxona.

O apoio estrutural, como ajuda com transporte e creche, também pode melhorar o acesso a cuidados e tratamento.

"Combinar práticas tradicionais culturalmente apropriadas, espiritualidade e religião com o tratamento de transtorno por uso de substâncias também ajuda a aumentar a conscientização e reduzir o estigma", apontou a vice-diretora interina dos CDC.

"Embora tenhamos progredido muito no tratamento dos transtornos por uso de substâncias como doenças crônicas, em vez de serem vistos como falhas morais, ainda há muito trabalho a ser feito, incluindo garantir que todos que precisam desses serviços possam obtê-los", concluiu Houry.

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