Calor asfixiante volta a castigar Europa Ocidental
Com termômetros passando dos 43°C em várias regiões de Portugal e Espanha, o oeste da Europa enfrentava nesta terça-feira (12) uma segunda onda de calor excepcional em apenas um mês, acompanhada de incêndios florestais.
O aumento da temperatura está diretamente ligado ao aquecimento global, segundo os cientistas, uma vez que as emissões de gases de efeito estufa aumentam tal fenômeno em intensidade, duração e frequência.
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"Uma nova onda de calor, a segunda deste ano, está se instalando na Europa Ocidental. Atualmente, afeta principalmente a Espanha e Portugal, mas deve se intensificar e se espalhar", declarou Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial.
As temperaturas extremas produzem "secas" com "solos muito, muito secos" e impactam as "geleiras nos Alpes, que estão sendo duramente atingidas", destacou em Genebra.
"Foi uma temporada muito ruim para as geleiras. E ainda estamos em um momento relativamente precoce do verão", alertou Nullis, pouco mais de uma semana após o colapso de um enorme bloco da geleira italiana Marmolada, enfraquecida pelo aquecimento global, uma tragédia que deixou 11 mortos.
Na Espanha, as temperaturas voltaram a ultrapassar os 40°C nesta terça-feira em várias partes do país, e especialmente relevante foi o calor registrado na Galícia, uma região atlântica tradicionalmente fresca: em Ribadavia os termômetros bateram os 43,5°C, e em Orense, 43,2°C, segundo atualização dos registros da Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) às 14h42 de Brasília.
Menos surpreendentes, no contexto de uma onda de calor, foram os 43,9°C registrados na cidade de Mérida (sudoeste).
O pico da onda de calor, a segunda em um mês após outra registrada em meados de junho, deve prosseguir no país até quinta-feira. Os termômetros podem atingir 44°C em alguns pontos dos vales do Tejo e Guadalquivir.
Nas ruas de Madri, o calor extremo afetava particularmente as pessoas vulneráveis ou que trabalham nas ruas.
"É um inferno", suspirava, com suor na testa, Dania Arteaga, uma venezuelana de 43 anos que limpava a vitrine de uma loja no centro da capital espanhola.
Joaquín Abad, um encanador de 46 anos, explicou ter decidido reduzir sua jornada: "as horas de calor se sentem muito mais este ano do que no ano passado" e "esta é a única forma" de trabalhar em dias assim.
Alimentados pelas altas temperaturas, vários incêndios florestais avançavam em diferentes partes do país. Um deles, em Extremadura (oeste), já queimou 2.500 hectares de vegetação.
Em Portugal, onde a região central do país bateu os 43°C, o risco de incêndio levou as autoridades a fechar o parque de Sintra, localizado a oeste de Lisboa, onde vários palácios atraem turistas de todo o mundo.
"Dada a gravidade da situação meteorológica prevista até o final da semana, é fundamental ter máxima cautela", disse na segunda-feira o primeiro-ministro português, António Costa, um dia antes de as temperaturas ultrapassarem os 40°C em grande parte do país.
Ainda com a lembrança dos incêndios de 2017, que deixaram uma centena de mortos, as chamas que assolaram o centro de Portugal durante o fim de semana voltaram a ganhar força na tarde desta terça, provocando a evacuação de vários povoados e a mobilização de mais de mil bombeiros.
Segundo imagens das TVs locais, bombeiros e moradores tentavam conter o avanço do fogo, que ameaçava várias localidades dos municípios de Leiria, Pombal, Ourém e Alvaizere, pouco mais de 100 km ao norte de Lisboa.
A onda de calor também afeta a França, onde as temperaturas devem atingir entre 36°C e 38°C no sudoeste e no vale do rio Ródano.
A agência francesa Météo France espera uma onda de calor que vai durar "de oito a dez dias", pelo menos, com os seus piores momentos entre "o próximo sábado e terça-feira".
Uma situação que levou a primeira-ministra, Élisabeth Borne, a apelar ao governo para atuar e enfrentar um fenômeno que "tem um impacto muito rápido no estado de saúde da população, em particular das pessoas mais vulneráveis".
A onda de calor deve se espalhar para outros países da Europa Ocidental e Central.
No Reino Unido, a agência meteorológica (Met Office) emitiu um alerta laranja para possível "calor extremo" a partir de domingo.
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