Violência sexual contra crianças em zonas de conflito está aumentando, diz ONU
O documento analisa diversos países em conflito e identifica em um apêndice, intitulado "Lista da Vergonha", os responsáveis pelas violações
16:49 | Jul. 11, 2022
A violência contra menores em países em conflito, como o recrutamento de crianças, assassinatos, mutilações, estupros e sequestros, se manteve em alta em 2021, com um aumento expressivo da violência sexual, diz um relatório da ONU que, segundo ONGs, minimiza os crimes atribuídos a Israel.
Em 2021, os "sequestros, estupros e outras formas de violência sexual [contra as crianças] aumentaram tragicamente em 20%", diz um comunicado de imprensa que acompanha a publicação do relatório anual do secretário-geral da ONU, António Guterres.
O documento analisa diversos países em conflito e identifica em um apêndice, intitulado "Lista da Vergonha", os responsáveis pelas violações - autoridades estatais e não estatais, assim como grupos armados -.
Ao lado de Etiópia e Moçambique, a Ucrânia passou a ser alvo de crescente preocupação devido aos enfrentamentos armados que estão em curso nesses países.
No ano passado, a ONU identificou 23.982 violações graves dos direitos dos menores, incluídas 22.645 cometidas em 2021 e 1.337 anteriores, mas recém-confirmadas no ano passado, especificou o documento.
Embora tenham ocorrido avanços, como a libertação de crianças presas e recrutadas como soldados em alguns países como Mali, Nigéria e Filipinas, houve graves violações no Afeganistão, na República Democrática do Congo, em Israel e Territórios Palestinos, na Somália, na Síria e no Iêmen.
Por sua vez, diversas ONGs reagiram negativamente ao relatório de Guterres.
"O secretário-geral não só não incluiu os perpetradores de conflitos armados em Ucrânia, Etiópia e Moçambique em sua 'Lista da Vergonha', mas seu relatório tampouco proporciona informação significativa sobre as violações atrozes às quais foram submetidas as crianças nesses conflitos", lamentou Jo Becker, da Human Rights Watch (HRW).
"Sua omissão na 'Lista da Vergonha' das forças de Israel, que são acusadas de assassinar 78 crianças palestinas em 2021 e mutilar 982, é mais uma oportunidade perdida para fazê-los prestar contas, já que outras forças e grupos armados foram incluídos na lista por violações muito menores", acrescentou.
Em um comunicado de imprensa, a ONG Watchlist on Children and Armed Conflict ("Lista de acompanhamento sobre crianças e conflitos armados", em tradução livre) também deplorou o desejo de minimizar a responsabilidade de Israel em seu tratamento contra os menores palestinos.
Além disso, lamentou o "flagrante desprezo" pela vida infantil em Etiópia, Moçambique e Ucrânia, assim como em outros países devastados pela guerra.
Em entrevista coletiva, Virginia Gamba, representante especial do secretário-geral da ONU para a infância em conflitos armados, rechaçou as críticas vinculadas a Israel e disse que esse país havia sido advertido de que seria incluído na "Lista da Vergonha" em 2022 se não fosse constada uma melhora na atuação de suas forças.