Milhares de migrantes se movilizam no México para pressionar por salvo-condutos
Cerca de 2.000 migrantes, a maioria venezuelanos, iniciaram nesta sexta-feira uma mobilização no sul do México para pressionar pela entrega de salvo-condutos que lhes permitam avançar até a fronteira com os Estados Unidos.
Os estrangeiros, entre eles centro-americanos, partiram de madrugada da cidade de Tapachula (fronteira com a Guatemala), onde a emissão do documento migratório demora meses, devido à alta demanda. A permissão, que os migrantes buscam conseguir em localidades vizinhas do estado de Chiapas, tem validade de um mês e lhes permite cruzar para o México sem serem presos ou deportados.
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"Essa caminhada que estamos fazendo é por necessidade; no meu país há fome, não há trabalho, e em Tapachula não querem nos atender, temos três semanas e vamos ver se a Migração nos dá o documento", disse o venezuelano Ismael Pérez, que saiu de Maracaibo com 14 primos.
Essas mobilizações se tornaram rotineiras, uma vez que, no caminho, os migrantes obtêm os salvo-condutos, embora alguns denunciem que, no norte do país, são impedidos de seguir de ônibus seu trajeto até a fronteira, onde buscam asilo. No decorrer do ano, foram organizadas nove caravanas.
O venezuelano Jonathan Ávila, um dos organizadores da nova marcha, pediu que o governo do México crie um corredor humanitário que permita aos migrantes chegar à fronteira. Dessa forma, "mortes seriam evitadas", disse Ávila, referindo-se à tragédia no estado americano do Texas, onde 53 imigrantes foram encontrados mortos nesta semana por asfixia dentro e perto de um trailer.
Alguns viajantes acreditam que serão acolhidos nos Estados Unidos, depois que a Suprema Corte autorizou ontem o governo daquele país a pôr fim a uma política migratória restritiva.
Segundo a agência da ONU para os refugiados, desde 2015 mais de 6 milhões de venezuelanos deixaram seu país devido à grave crise econômica e política. As caravanas de migrantes que cruzaram o México em 2018 e 2019 causaram uma forte tensão com os Estados Unidos, então governados pelo republicano Donald Trump, mas o México reforçou seus controle na fronteira sul e 307.679 migrantes foram detidos em 2021.
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