Encontrados 'remanescentes humanos' nas buscas por desaparecidos na Amazônia
20:55 | Jun. 15, 2022
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, anunciou nesta quarta-feira (15) que "remanescentes humanos foram encontrados" durante as buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos há mais de dez dias na Amazônia.
"Acabo de ser informado pela @policiafederal que 'remanescentes humanos foram encontrados no local onde estavam sendo feitas as escavações', publicou Torres no Twitter, pouco antes de uma coletiva de imprensa anunciada pela Polícia Federal para informar sobre os avanços do caso.
O anúncio ocorre depois que vários veículos locais reportaram que os dois suspeitos detidos por envolvimento no caso teriam dito à polícia que Phillips e Pereira foram assassinados e confessaram sua participação no crime.
As autoridades não confirmaram este dado até o momento.
Nesta quarta-feira, um dos suspeitos foi levado pela polícia ao local das buscas da cidade de Atalaia do Norte, onde estava detido, segundo imagens da TV local.
De acordo com a polícia, os suspeitos são Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como "Dos Santos", detido na terça, e Amarildo da Costa de Oliveira, um pescador apelidado de "Pelado", que foi detido na semana passada.
Colaborador do jornal The Guardian, Phillips, de 57 anos, estava escrevendo um livro sobre a preservação ambiental na Amazônia.
Pereira, especialista da Fundação Nacional do Índio (Funai), atuava como guia de Phillips nesta região perigosa e de difícil acesso do Vale do Javari, uma região estratégica para os narcotraficantes, na qual também atuam garimpeiros, pescadores e madeireiros ilegais.
Ambos foram vistos pela última vez no domingo, 5 de junho, enquanto navegavam pelo rio Itaquaí.
Após dez dias de buscas intensas, as autoridades haviam encontrado vestígios de sangue em uma embarcação do primeiro detido e material "aparentemente humano" que já estava sendo analisado em Brasília. Também foram encontrados objetos pessoais, como roupas e calçados.
O presidente Jair Bolsonaro havia dito esta semana que "vísceras humanas" haviam sido encontradas flutuando no rio, mas essa informação não foi confirmada pela Polícia Federal.
Após o desaparecimento, Bolsonaro qualificou a incursão de Phillips e Pereira como uma "aventura não recomendável" e, nesta quarta-feira, disse que o repórter era "malvisto" na região amazônia por seu trabalho informativo sobre atividades ilegais como o garimpo.
"Esse inglês, ele era malvisto na região porque ele fazia muita matéria contra garimpeiros, [sobre] a questão ambiental", disse o presidente durante uma entrevista nesta quarta ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube.
O desaparecimento de Phillips e Pereira gerou uma onda de solidariedade internacional e voltou a provocar críticas contra o governo Bolsonaro, acusado de incentivar as invasões de terras indígenas e sacrificar a preservação da Amazônia para sua exploração econômica.
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