EUA: empresas ajudarão funcionários após restrições ao aborto legal
Suprema Corte do país reverteu decisão que garantia interrupção de gravidez indesejada; gigantes da indústria prometem apoio financeiro a funcionários que precisem viajar para realizar aborto
19:57 | Jun. 25, 2022
A Suprema Corte dos Estados Unidos reverteu nessa sexta-feira, 24, uma decisão que tornava o acesso ao aborto direito constitucional no país. Com a repercussão do caso, diversas empresas estadunidenses de grande porte se comprometeram a auxiliar funcionários que precisem viajar para realizar o procedimento.
A decisão do caso Roe v. Wade, de 1973, definiu que o direito ao aborto era garantido pela Constituição do país. Com o novo julgamento, a situação voltou ao que era antes do emblemático veredito: cada estado pode definir leis legalizando ou proibindo o procedimento, e implementar punições.
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Aborto nos Estados Unidos: entenda o caso
Nos Estados Unidos, desde o julgamento, há quase meio século, o aborto era amplamente compreendido como decisão particular. Deste modo, o acesso legalizado ao procedimento era entendido como tema de saúde pública, ainda que grupos conservadores se oponham ao direito de escolha.
A discussão se tornou mais significativa nos últimos anos, quando estados como Mississippi e Texas aprovaram leis que contrariavam o veredito de quase 50 anos. As batalhas judiciais retornaram ao tribunal máximo do país, sob acalorado debate público a respeito do tema.
Em maio, um rascunho do novo veredito da Suprema Corte foi vazado. O documento indicava que a maioria dos juízes votaria pela reversão de Roe v. Wade. Nessa sexta-feira, a decisão foi oficializada.
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EUA: Empresas se comprometem a ajudar funcionários que precisem realizar aborto
Desde que o debate reacendeu nos Estados Unidos, uma série de grandes empresas do país se posicionou sobre o tema. Gigantes de diversas áreas se comprometeram a auxiliar financeiramente funcionários que precisem viajar para realizar um aborto nos estados em que o procedimento ainda é legalizado.
Em março, o banco Citigroup mencionou o tema em um longo documento relativo à reunião anual de acionistas. À época, a empresa pontuou que, a partir deste ano, decidiu prover "benefícios de viagem para facilitar o acesso a recursos adequados", segundo o banco "em resposta a mudanças nas leis de saúde reprodutiva em certos estados".
A opinião é compartilhada por grandes nomes de outras indústrias. Na área de tecnologia, Google, Meta (dona do Facebook, WhatsApp e Instagram), Uber, Duolingo, Apple, Microsoft, Amazon e Sony indicaram que pagarão ou reembolsarão despesas de funcionários que viajem para realizar abortos legalizados.
O braço de mídia da Sony se posicionou de forma similar, bem como diversas empresas de mídia. Disney, Netflix, Paramount, Warner e Discovery são alguns dos nomes dessa indústria que confirmaram os auxílios financeiros.
Até o momento, 26 estados apresentam oposição ao direito ao aborto. A quantidade inclui aqueles que aprovaram medidas proibindo o procedimento, nunca revogaram leis cujo efeito estava suspenso pelo julgamento de 1973, ou devem votar legislações do tipo em breve, com expectativa de maioria a favor da proibição: Alabama, Arizona, Arkansas, Carolina do Sul, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Flórida, Georgia, Idaho, Indiana, Iowa, Kentucky, Louisiana, Montana, Michigan, Mississippi, Missouri, Nebraska, Ohio, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, West Virginia, Wisconsin e Wyoming.
Ao todo, cerca de 161 milhões de pessoas vivem nestes locais e devem ser afetadas pelas mudanças. A quantidade é equivalente a quase metade da população total dos Estados Unidos, de 330 milhões.
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