Organizações temem exploração sexual de refugiadas ucranianas
Por enquanto são "alertas" ou "suspeitas" que preocupam autoridades e organizações humanitárias, que temem que as refugiadas ucranianas sejam "presas fáceis" de redes de prostituição e homens mal intencionados. Junto com seus filhos, elas representam 90% dos refugiados da guerra em seu país.
No centro do acolhimento "France terre d'asile" (França, terra do asilo) em Paris, duas refugiadas ucranianas contam aos voluntários que um desconhecido propôs que "trabalhassem" para ele.
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"Ele estava tentando convencer mulheres na fila de espera! Desde então, acionamos um forte esquema de segurança policial", explica à AFP Delphine Rouilleault, diretora da organização.
Outro homem queria acolher mulheres em nome de uma associação desconhecida. Várias chegaram "assustadas" a ONGs após uma primeira noite na casa de uma pessoa "solidária".
As mulheres podem "atrair tanto agressores individuais e oportunistas que se passam por voluntários como organizações criminosas especializadas em tráfico de pessoas", alertou a cooperação policial europeia Europol.
O risco é alto na Polônia e Romênia, países de fronteira com a Ucrânia, mas também para as refugiadas na França, embora "nenhum caso tenha sido confirmado", segundo Elisabeth Moiron-Braud, responsável pela Miprof, entidade pública que luta contra esta prática.
"Há alertas feitos por assistentes sociais (...). São riscos que conhecemos porque temos a experiência da crise migratória de 2015, quando um fluxo importante de menores nigerianas acabaram nas redes" de prostituição, afirma.
As autoridades francesas se preocupam especialmente com o "risco relacionado a indivíduos que as acolhem com a intenção de se aproveitar de sua vulnerabilidade", acrescenta Moiron-Braud.
Há ofertas que indignam estas organizações. Algumas "garantem que só aceitam jovens ucranianas, sem filhos. Outras especificam: 'uma loira de olhos azuis'", explica a funcionária de uma dessas entidades, sob anonimato.
A "France terre d'asile" iniciou um "trabalho de controle": verifica a existência de antecedentes criminais, visita os locais de acolhimento e garante um "acompanhamento social".
"Explicamos que se trata de uma acolhida sem contrapartida. O tráfico não é apenas sexual, mas também há casos de mulheres que são encarregadas da limpeza ou cuidado de crianças", afirma Rouilleault.
A diáspora se organiza para ajudar estas mulheres frequentemente esgotadas e minimizar estes riscos.
"As acompanhamos nas visitas aos locais de acolhimento e conversamos com quem lhes oferece abrigo", explica Nadia Myhal, presidente de uma associação de mulheres ucranianas na França.
"Damos prioridade às famílias ou às mulheres. Se for um homem sozinho, abandonamos a ideia", explica.
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