Ucrânia anuncia retomada das operações de retirada de civis em Mariupol

A Ucrânia anunciou nesta terça-feira (3) a retomada das operações de retirada de civis da cidade devastada de Mariupol, ao mesmo tempo que a Rússia prossegue com a ofensiva no leste do país, em meio aos temores dos países ocidentais de uma possível anexação dos territórios separatistas do Donbass.

"Mariupol: a retirada continua", anunciou a presidência ucraniana em um comunicado, que tem como base as informações divulgadas pelos governos regionais.

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Autoridades municipais da cidade portuária ao sul do Donbass, quase totalmente ocupada pelos russos, anunciaram na segunda-feira à noite um acordo para a retirada com o apoio da ONU e da Cruz Vermelha.

O ponto de encontro foi estabelecido em Berdiansk, a 70 km de Mariupol.

O governo ucraniano informou que mais de 100 civis conseguiram sair no fim de semana da siderúrgica de Azovstal, o último reduto ucraniano em Mariupol, onde soldados e civis permanecem refugiados em um labirinto de túneis subterrâneos.

Mas na segunda-feira, na cidade de Zaporizhzhia, a uma distância de 200 km, um estacionamento transformado em centro de recepção não registrou a chegada de nenhum comboio procedente de Mariupol, localidade crucial nos planos russos de unir os territórios sob seu controle no Donbass (leste) e na Crimeia (sul).

Durante a noite, o batalhão Azov, que defende a siderúrgica de Azovstal, denunciou novos bombardeios russos, inclusive contra edifícios com civis. Um subcomandante de regimento afirmou que os ataques prejudicaram a saída dos moradores.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, afirmou que centenas de civis permanecem "bloqueados em Azovstal".

No restante do país, "o inimigo continuou atacando Kharkiv (segunda maior cidade do país) e localidades vizinhas", afirmou o Estado-Maior do exército ucraniano em uma nota.

Ao sul, perto de Izium, os russos bombardearam as posições ucranianas e no Donbass "tentam tomar o pleno controle das localidades de Popasna e Rubizhne, além de avançar para Liman e Sloviansk".

No sudoeste da Ucrânia, a cidade portuária de Odessa voltou a ser atingida por mísseis russos que, segundo presidente Volodymyr Zelensky, provocaram a morte de um adolescente de 15 anos.

EM seu avanço no Donbass, os russos assumiram o controle de importantes áreas do sul da Ucrânia, como a cidade de Kherson, a 130 km de Odessa e próxima da península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

A Procuradoria Geral da Ucrânia anunciou a abertura de uma investigação por "possíveis torturas e assassinatos" depois que dois corpos foram encontrados em uma vala na localidade de Novofontanka.

Depois de mais de dois meses guerra, os países ocidentais e Kiev temem que Moscou aproveite o feriado de 9 de maio, quando a Rússia comemora a vitória sobre a Alemanha nazista, para tentar mostrar avanços na Ucrânia.

O ministro da Defensa ucraniano citou uma possível tentativa de integração à Rússia das autoproclamadas repúblicas pró-Moscou de Donetsk y Lugansk, reconhecidas por Vladimir Putin pouco antes da guerra.

O embaixador dos Estados Unidos na Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter, afirmou que a anexação pode acontecer com a organização de referendos ainda em maio, uma estratégia que recorda o que aconteceu na Crimeia em 2014.

"Esta informação é muito confiável", declarou o diplomata, antes de destacar que Moscou tem planos similares para Kherson, onde já determinou o uso de sua moeda, o rublo.

"Estes simulacros de referendos, votos orquestrados, não serão considerados legítimos, nem qualquer outra tentativa de anexar territórios ucranianos", acrescentou.

A invasão russa deixou milhares de mortos e mais de 13 milhões de deslocados.

Sem uma intervenção direta na guerra, as potências ocidentais responderam com sanções sem precedentes contra a Rússia e o envio de armamento e fundos a Kiev.

Em um gesto inédito, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson discursou nesta terça-feira por videoconferência ao Parlamento ucraniano. Ele anunciou uma ajuda militar de 300 milhões de libras (376 milhões de dólares) para Kiev.

Ao mesmo tempo, a União Europeia trabalha em um sexto pacote de sanções que inclui um calendário para acabar progressivamente com as importações de petróleo russo e advertiu que os países membros devem estar preparados para o fim do fornecimento de gás russo.

As novas sanções devem afetar o setor financeiro, com mais bancos russos excluídos do Swift, o sistema de transações internacionais, afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

O papa Francisco disse em uma entrevista ao jornal italiano Il Corriere della Sera que está disposto a viajar a Moscou para conversar com Putin e tentar acabar com a guerra.

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