Netflix perde 200 mil assinantes e vê ações despencarem
Após 1ª queda nas assinaturas em mais de uma década, plataforma de streaming já projeta perda de 2 milhões de usuários nos próximos meses. Aumento da concorrência e compartilhamento de contas prejudicam desempenho.Depois de registrar a primeira queda no número de assinantes em mais de uma década, o serviço de streaming Netflix viu suas ações despencarem, em meio a temores de que a plataforma de filmes e séries já tenha passado do seu apogeu. A empresa perdeu em torno de 200 mil assinantes no período entre janeiro e março de 2022, de acordo com um relatório trimestral divulgado nesta terça-feira (19/04). É também a primeira queda nas assinaturas desde que o serviço foi disponibilizado para a maior parte do mundo – menos a China – há seis anos. Para piorar ainda mais a situação, a Netflix projeta perder mais 2 milhões de assinantes entre abril e junho. A notícia fez com que as ações da empresa tivessem uma rápida queda, que chegou a 26% no fechamento dos mercados na terça-feira. Se continuarem a despencar também nesta quarta, as ações poderão perder mais da metade do valor somente neste ano. Em 2011, a Netflix perdeu 800 mil assinantes depois de anunciar planos de cobrar de seus usuários em contas individuais, para a então emergente plataforma de streaming que ainda era gratuita, por estar atrelada ao serviço de entrega de DVDs pelos correios que deu início à empresa no formato atual. Depois de registrar uma queda nas assinaturas no mercado americano em 2019, o serviço aumentou exponencialmente sua popularidade durante a pandemia de covid-19, mas a conquista de novos clientes já vinha dando sinais de desaceleração. Segundo o relatório divulgado nesta terça, a empresa registrou receita líquida de 1,6 bilhão de dólares (cerca de 7,4 bilhões de reais) no primeiro trimestre de 2022, em comparação aos 1,7 bilhão do mesmo período de 2021. Compartilhamento de contas A Netflix avalia que entre os fatores que impedem seu crescimento está a dificuldade de muitas residências em obter acesso a internet de banda larga e televisões com funções smart. Além disso, muitos usuários compartilham suas contas com outras pessoas que não vivem no mesmo domicílio. A plataforma calcula que, apesar de estar em quase 222 milhões de domicílios em todo o mundo, boa parte dessas contas são compartilhadas com mais de 110 milhões de outras residências que não pagam pelas assinaturas. "O compartilhamento de contas em um determinado percentual de nossos usuários pagantes não mudou muito durante os anos, mas, associado a outros fatores, torna mais difícil aumentar o número de assinantes em muitos mercados", afirmou a empresa no relatório. No ano passado, a Netflix iniciou testes sobre como cobrar de pessoas que compartilham suas contas, por exemplo, ao acrescentar uma função que permite aos assinantes pagar um pouco mais pelo serviço, para poder incluir outros domicílios. O desempenho da plataforma certamente vem sendo prejudicado também pelo aumento da concorrência, com a entrada recente no mercado dos serviços de streaming da Apple e Disney, por exemplo. rc/lf (AP, ots)
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