"Lambeijos" de cachorros e gatos podem transmitir bactérias aos tutores, aponta estudo

A pesquisa feita por Juliana Menezes e Sian Frosini descobriu que cães e gatos, mesmo que saudáveis, podem transmitir bactérias resistentes a antibióticos não só pelas fezes do animal, mas também por via oral

A relação entre animais de estimação e humanos tem cada vez mais se estreitado, aprofundando o nível de intimidade entre ambos. Na hora do carinho, os famosos "lambeijos", ato de ser lambido no rosto ou na boca pelo pet, pode acontecer naturalmente. Porém, um estudo realizado entre a Royal Veterinary College e Universidade de Lisboa revela que esse momento de afeto pode trazer riscos a saúde dos tutores.

A pesquisa feita pelas cientistas Juliana Menezes e Sian Frosini, apontou que cães e gatos, ainda que saudáveis, podem transmitir bactérias resistentes a antibióticos ingeridos por humanos. Sua transmissão pode ser feita não só pelas fezes do animal, mas também por via oral, nos chamados "lambeijos".

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Em entrevista ao Medical XPress, Juliana explicou que a análise foi realizada em amostras de fezes de 58 pessoas saudáveis, 40 cães e 18 gatos de 41 casas em Portugal. Já no Reino Unido, o estudo foi feito com 56 pessoas saudáveis, 45 cães de 42 casas.

Oito cães dos 102 animais de estimação e quatro dos 126 humanos apresentaram abrigar bactérias com o gene de forte resistência antibiótica mcr-1. Isso levanta a preocupação de que os animais de estimação podem atuar como reservatórios de bactérias e, assim, serem vetores de resistência aos antibióticos de última linha.

Em entrevista ao O POVO, a médica infectologista, Ana Danielle Tavares, comentou a publicação do estudo e destacou que a saliva do cachorro é capaz de ser transmissora de bactérias, já que a boca dos animais pode apresentar de vários tipos de bactérias.

Por isso, de acordo com Danielle, é importante manter o animal sempre higienizado, saudável e imunizado, bem como, manter uma rotina de limpeza do ambiente. Além disso, seguir os cuidados com higiene das mãos, após a manipulação das fezes e urinas dos bichinhos.

E com relação ao nível de intimidade, como dormir com o pet na cama, é difícil definir o que deve ou não ser feito. "O tutor tem que entender que esses hábitos possuem prós e contras, e o importante é que o animal seja treinado para entender que, em ambientes compartilhados, ele não deve fazer suas necessidades", afirmou à reportagem.


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