Um dos 'Beatles' do Estado Islâmico é condenado à prisão perpétua nos EUA

18:52 | Abr. 29, 2022

Por: AFP

Um dos "Beatles", célula jihadista do grupo Estado Islâmico (EI) dedicada à captura, tortura e execução de reféns ocidentais, foi condenado nesta sexta-feira (29) à prisão perpétua por um tribunal federal nos Estados Unidos.

Alexanda Kotey, um ex-cidadão britânico de 38 anos, declarou-se culpado em setembro, admitindo sua responsabilidade pela morte de quatro reféns americanos na Síria e pelo sequestro e tortura de cerca de 20 ocidentais durante o conflito bélico neste país.

Outro membro dessa célula, El Shafee el-Sheikh, preso com ele pelas forças curdas em 2018, foi condenado em abril após um julgamento exaustivo e será sentenciado nos próximos meses.

Os dois homens compareceram nesta sexta no tribunal de Alexandria, perto de Washington, onde os familiares de suas vítimas puderam pedir a palavra pela última vez.

"Sequestraram, torturaram e participaram do assassinato de pessoas boas e inocentes, e agora terão que viver com isso pelo resto de suas vidas", disse a britânica Bethany Haines, filha de uma das vítimas.

"Vocês dois perderam!", acrescentou a jovem, cujo pai, David Haines, foi decapitado pelo terceiro membro dos "Beatles", Mohamed Emwazi, morto em um ataque com drones em 2015.

Os reféns apelidaram os jihadistas, que cresceram e se radicalizaram em Londres, de Beatles devido a seu sotaque britânico.

Durante o tempo em que permaneceram na Síria, de 2012 a 2015, o trio supervisionou a detenção de pelo menos 27 jornalistas e parceiros dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Japão, Nova Zelândia e Rússia. Dez deles foram executados e muitas vezes os jihadistas se vangloriaram das mortes em vídeos de propaganda do grupo Estado Islâmico.

Entre as vítimas está o jornalista americano Steven Sotloff. Nesta sexta-feira, sua mãe, Shirley, pediu repetidamente aos dois jihadistas que "olhassem nos olhos dela", enquanto ela descrevia o "impacto inimaginável" de suas ações em sua família.

- Sede de verdade -

Marsha Mueller, cuja filha Kayla morreu em circunstâncias confusas após ter sido escrava sexual do líder do EI Abu Bakr al-Baghdadi, pediu que a ajudassem a entender o que aconteceu com sua filha. "Soubemos de algumas coisas, histórias de estupros, agressões e horror. Mas quero saber toda a verdade, embora seja difícil de ouvir. Preciso viver esses horrores com ela."

Alexanda Kotey não falou nem esboçou nenhuma emoção quando o juiz TS Ellis proferiu a sentença. Seus advogados, no entanto, afirmaram que ele está arrependido e concordaram em se reunir com as famílias das vítimas.

O juiz permitiu que Kotey fique detido em Alexandria até julho, para dar tempo às autoridades e a seus advogados de negociar sobre a prisão em que ele cumprirá a pena.

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