Indonésia suspende exportações de óleo de palma
A Indonésia, principal produtor mundial de óleo de palma, começou a aplicar nesta quinta-feira (28) um embargo total sobre as exportações do produto, o que pode desestabilizar o mercado global de óleos vegetais já afetado pela guerra na Ucrânia.
O país do sudeste asiático sofre há alguns meses com uma escassez e o aumento dos preços do óleo de palma para cozinhar, o que leva o governo a temer uma tensão social.
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Na quarta-feira à noite, as autoridades anunciaram que o embargo seria aplicado a todas as exportações desta oleaginosa e não apenas aos produtos destinados a óleos alimentares, como havia indicado um dia antes.
"Todos os produtos, incluindo o óleo de palma bruto, estão contemplados em um decreto do ministério do Comércio", afirmou o ministro da Economia, Airlangga Hartarto, que anunciou o início do embargo à meia-noite (horário local).
O preço do óleo de palma bruto subiu quase 10% na quarta-feira, antes do embargo, na Bolsa de Kuala Lumpur (Malásia). A alta acumulada em 12 meses é de 63%.
O presidente indonésio Joko Widodo destacou que o abastecimento para a população é a prioridade.
"Como maiores produtores de óleo de palma é irônico que tenhamos dificuldades em obter óleo para cozinhar", disse, antes de pedir ajuda aos produtores.
Os problemas de abastecimento internos do país, que tem a quarta maior população do mundo, com 270 milhões de habitantes, estão relacionados com o fato de os produtores preferirem destinar suas reservas ao mercado internacional, aproveitando os elevados preços atuais.
Jacarta pretende retomar as exportações quando o preço no atacado do óleo de cozinha voltar aos níveis normais, após uma alta de quase 70% nas últimas semanas.
Obter óleo de palma, amplamente usado no arquipélago para cozinhar, é complicado desde o início do ano. Os consumidores de menor poder aquisitivo precisam esperar por horas em centros de distribuição para conseguir o produto com preços subsidiados.
Para Ade Neni, vendedora de "gorengan", frutas fritas muito apreciadas pelos indonésios, considera o cenário um duro golpe. "Os preços elevados provocaram a queda das minhas vendas e tive que aumentar os preços", lamenta a comerciante.
O aumento dos preços dos alimentos contribuiu para a queda de popularidade do presidente e provocou manifestações em várias cidades.
Eddy Hartono, diretor da associação indonésia de produtores de óleo de palma, disse que as medidas medidas reduziram os lucros das plantações. "Há um problema de abastecimento, não de distribuição", denunciou.
A Indonésia é responsável por 60% da produção mundial de óleo de palma - um terço é consumido no mercado interno do país, de mais de 270 milhões de habitantes.
Índia, China, União Europeia e Paquistão são os principais compradores do óleo, que também é um componente essencial para a produção de uma uma ampla gama de produtos, de cosméticos a alimentos.
Os óleos alimentares já haviam atingido preços recordes em março devido à escassez de oferta global provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, dois grandes produtores de óleo de girassol.
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