Apoio a Bolsonaro está ligado a maior mortalidade por covid, diz estudo

19:02 | Abr. 14, 2022

Por: AFP

Cidades que votaram em Jair Bolsonaro, um cético em relação à pandemia, tiveram taxas de mortalidade por covid-19 substancialmente mais altas do que aquelas que não votaram no presidente, apontaram nesta quinta-feira (14) os autores de um novo estudo.

A pesquisa, que comparou os resultados da votação nas eleições presidenciais de 2018 no estado de Minas Gerais às taxas de infecção e mortalidade por covid nos municípios, descobriu que a doença teve maior incidência em áreas que votaram em Bolsonaro.

"Ele negou a gravidade da covid, promoveu tratamentos sem eficácia comprovada e desencorajou o distanciamento social, uso de máscaras, 'lockdowns' e outras medidas de proteção", assinalou Carlos Starling, da Sociedade Mineira de Especialistas em Doenças Infecciosas, um dos autores do estudo. Isso "provavelmente resultou em taxas mais altas de infecção e mortes por Covid entre os seus apoiadores", acrescentou em comunicado.

O estudo, que analisou dados de 21 de janeiro a 10 de novembro do ano passado, identificou que as taxas de infecção foram 30% maiores nos municípios onde o então candidato Bolsonaro venceu em 2018 - 7.600 por 100.000 habitantes, em média. As taxas de mortalidade foram 60% maiores ali, ou 212 por 100.000 habitantes, em média.

Starling e o especialista em bioinformática Bráulio Couto irão apresentar o estudo, ainda não publicado, este mês, no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas em Lisboa, cujo comitê de seleção revisou seus resultados.

A pesquisa ecoou os resultados de um estudo semelhante publicado em março na revista médica "The Lancet", que comparou os resultados das eleições de 2018 no país às taxas de mortalidade por covid e também identificou que as cidades que votaram em Bolsonaro foram mais atingidas pela pandemia.

Bolsonaro, que irá disputar a reeleição em outubro, enfrentou críticas sobre a sua forma de lidar com a Covid, que chamou de "gripezinha". Uma comissão do Senado recomendou em outubro passado que ele enfrentasse acusações criminais por sua resposta à pandemia.

O governo não respondeu a um pedido para comentar o estudo.

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