Habitantes de Jenin se organizam contra 'ofensiva' israelense

Pneus prontos para serem queimados, milicianos armados e mensagens criptografadas para indicar onde estão os militares israelenses. Os moradores do acampamento de refugiados de Jenin, onde vive a família do palestino que cometeu um recente ataque em Tel Aviv, se organizam para a "ofensiva" israelense.

"Quem é? O que faz aqui? É israelense?", pergunta Khaled, a bordo de um pequeno carro que circula ao lado do acampamento de Jenin. O acesso a esta área está bloqueado por vários pneus e geladeiras quebradas.

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Desde o fim de semana, o exército israelense realiza operações diárias para encontrar os familiares de Raed Hazem, o novo "herói" do acampamento que realizou um ataque armado em pleno centro de Tel Aviv em 7 de abril, deixando três mortos, incluindo ele mesmo, pelas forças israelenses. Dez dias antes, outro ataque causou cinco mortos nos subúrbios de Tel Aviv.

Em Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, os retratos de Raed Hazem agora adornam as paredes de cimento.

Cartazes de "mártires" também se multiplicam, substituindo as folhas amareladas da Segunda Intifada, a revolta palestina do início dos anos 2000.

"Nós usamos [o serviço de mensagens criptografadas] Telegram, que é seguro, para defender Jenin. Se houver algum problema, se o exército entrar em Jenin, todas as informações estão no Telegram. O local onde os soldados estão, o setor, e então nós podemos nos reunir para nos defender", explica Khaled, que prefere não revelar seu nome verdadeiro.

Assim como ele, Mohamed, que também não quis informar seu nome, vigia as redondezas do campo para manter os membros de seu grupo no Telegram informados.

"Tentamos identificar os carros", disse. "Temos medo dos 'mustaravim', esses membros das unidades israelenses que fingem ser dos nossos, que falam árabe como nós e se vestem como nós. Tememos que sejam adicionados aos grupos do Telegram e compartilhem informações falsas", acrescenta.

Desde o final de março, sete jovens de Jenin, entre eles combatentes armados, morreram em confrontos com as forças israelenses.

Em abril de 2002, após uma série de ataques anti-israelenses, Jenin viveu uma batalha urbana mortal entre Israel e as facções armadas.

Para evitar uma operação maior no campo de refugiados, os serviços de segurança israelenses pediram ao pai do agressor de Tel Aviv que se rendesse.

No domingo, um grupo de militares atirou no carro do irmão do agressor, Hamam, que estava circulando do lado de fora do campo.

Desde então, o pai se esconde. Hamam, no entanto, costuma passear pelo acampamento em seu carro, repleto de adesivos com o rosto de seu irmão.

"Às vezes me escondo, às vezes saio. Se os israelenses me prenderem, será a vontade de Deus", sussurra, mostrando um buraco de bala em seu carro.

Muitas armas circulam no campo, incluindo fuzis de assalto M16 que são vendidos por cerca de 15.000 euros [mais de 16.000 dólares] no mercado clandestino.

"Há uma escalada em Jenin, com ataques diários da ocupação [o nome dado pelos palestinos a Israel]. Estamos prontos para reverter a ocupação por qualquer meio possível", diz um líder local do braço armado do partido secular Fatah, com uma arma automática na mão.

"As unidades de combate estão posicionadas nas estradas e nos becos. Os combatentes estão na entrada do campo e nos arredores. O campo está cheio de armas", diz este oficial cujo movimento coabita com os islâmicos do Hamas e da Jihad Islâmica.

gl/sw/sag/es/aa/mvv

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