Ataques russos a cidade perto de Chernobyl ameaçam a segurança da usina, diz AIEA

Os ataques russos a Slavutich, uma cidade perto da usina nuclear de Chernobyl, onde a maioria de seus funcionários moram, estão colocando em risco a capacidade dos trabalhadores de operar e garantir a segurança na usina controlada pela Rússia, alerta a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Rafael Mariano Grossi, diretor-geral do órgão de vigilância nuclear, observou nesta quinta-feira, 24, que os ataques à cidade do norte da Ucrânia, que foi criada para os evacuados após o desastre nuclear de 1986, aconteceram poucos dias depois que a equipe técnica da usina conseguiu alternar seus turnos para pela primeira vez em mais de três semanas.

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Autoridades locais na Ucrânia disseram que a cidade de Slavutich está completamente isolada, com forças russas um pouco além dos limites da cidade. "Slavutich está completamente isolada. O inimigo está a 1,5 km da cidade", disse a administração da região de Kiev em comunicado.

Os bombardeios russos em postos de controle ucranianos em Slavutich estão colocando os trabalhadores em risco e impedindo rotações adicionais muito necessárias, disse Grossi em um comunicado. Dos mais de 200 técnicos e guardas da usina desativada, 64 foram rotacionados, escreveu a usina em um post no Facebook no domingo.

Autoridades militares ucranianas disseram que as tropas russas tentaram e falharam nos últimos dias em ações para capturar Slavutich, que sitia a vizinha Chernihiv, que fica ao longo da rota de invasão russa de Belarus a Kiev, a capital.

A agência nuclear disse que pequenos incêndios na floresta radioativa no território abandonado ao redor da usina não representam um risco imediato. Os níveis de radiação são consideravelmente mais baixos do que eram imediatamente após o acidente de 1986, mas ainda apresentam riscos.

Ligeiros aumentos nas concentrações de césio, um elemento de preocupação radioativa, foram detectados ao sul de Kiev e a oeste de Chernobyl, mas não chegaram a um nível preocupante, disse.

As operações permaneceram estáveis em reatores nucleares em outras partes da Ucrânia, inclusive no complexo nuclear de Zaporizhzhia, o maior da Europa, onde um incêndio durante um ataque russo no início de março levantou o espectro de um desastre potencial.

Oito dos 15 reatores em quatro locais na Ucrânia estavam operando, com funcionários rotacionando em turnos de oito horas, e os níveis de radiação estavam normais, disse a agência nuclear, citando reguladores ucranianos.

A agência atômica da ONU espera enviar cerca de 15 a 20 funcionários para as instalações nucleares da Ucrânia se um acordo com Kiev e Moscou for alcançado para garantir a segurança lá, disse um congressista americano na quinta-feira após uma reunião com o chefe da agência.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há um mês, Grossi pede aos dois países para que acordem urgentemente uma estrutura para garantir que as instalações nucleares da Ucrânia permaneçam seguras. Desde que os russos ocuparam as instalações de Chernobyl, cortes de energia colocaram em risco o sistema de resfriamento que é necessário para manter a usina em segurança. Grossi, no entanto, até agora não conseguiu obter esse acordo. Em uma declaração em vídeo na quarta-feira, ele disse que incluiria assistência como "presença no local de especialistas da AIEA em diferentes instalações". Ele se recusou a fornecer detalhes sobre os planos de sua agência. (Com agências internacionais).

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