Pesquisadores detectam pela primeira vez microplásticos no sangue humano

19:11 | Mar. 25, 2022

Por: AFP
Doadores no centro de coleta da Fundação Pró-Sangue Hemocentro São Paulo (foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Um estudo holandês relatou pela primeira vez, mas com uma amostra reduzida, a presença de microplásticos no sangue humano, descoberta que levanta dúvidas sobre uma eventual penetração dessas partículas nos órgãos.

Os autores do estudo, publicado nesta quinta-feira na Environment International, analisaram amostras de sangue de 22 doadores anônimos, todos voluntários com boa saúde, e encontraram microplásticos em 17 deles.

Metade das amostras continha vestígios de PET (polietileno tereftalato), um dos plásticos mais usados no mundo, principalmente na fabricação de garrafas e fibras de poliéster. Mais de um terço tinha poliestireno, usado, entre outras coisas, em embalagens de alimentos, e um quarto polietileno.

"Pela primeira vez, conseguimos detectar e quantificar" esses microplásticos no sangue humano, declarou Dick Vethaak, ecotoxicologista da universidade livre de Amsterdã. "Isso prova que temos plástico em nosso corpo, e não deveríamos", disse à AFP.

De acordo com o estudo, os microplásticos detectados puderam entrar no corpo por múltiplas vias: aéreas, aquáticas ou por meio da comida ou de produtos de higiene e cosméticos. "É cientificamente provável que partículas de sangue possam ser transportadas para os órgãos através do sistema sanguíneo", observaram os autores.

O estudo foi financiado pela Organização Holandesa para a Pesquisa e o Desenvolvimento em Saúde e pela Common Seas, ONG ambiental com sede no Reino Unido que busca reduzir a poluição por plástico.

Para Alice Horton, especialista em contaminantes antropogênicos do centro britânico de oceanografia, "apesar da pequena amostra e das baixas concentrações detectadas", os métodos analíticos do estudo são "muito robustos".

"Este estudo ajuda a mostrar que as partículas de plástico não estão presentes apenas no meio ambiente, mas também em nossos corpos. As consequências a longo prazo ainda não são bem conhecidas", disse ao Science Media Center.

 

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