Otan reforçará apoio à Ucrânia, que mantém russos fora de Kiev
17:41 | Mar. 23, 2022
A Otan anunciou nesta quarta-feira (23) a intenção de reforçar o apoio à Ucrânia diante das tropas russas, que se viram obrigadas a recuar em vários pontos próximos de Kiev, de acordo com o prefeito da capital.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o G7 das potências industrializadas realizarão nesta quinta-feira cúpulas extraordinárias em Bruxelas, com a participação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, participará por videoconferência da reunião da Otan.
Os líderes da União Europeia (UE) também se reunirão na capital belga, exatamente um mês após a invasão russa da ex-república soviética.
As tropas russas vêm tentando apertar o cerco a Kiev, a capital, há vários dias. Mas, de acordo com o prefeito da cidade, Vitali Klitschko, foram forçadas a recuar em várias frentes a leste e oeste da capital, enquanto lutas ferozes acontecem no norte.
Um bombardeio contra o estacionamento de centro comercial na quarta-feira deixou um morto e dois feridos no distrito de Podilsk. Outros bombardeios deixaram quatro feridos, disse o prefeito.
"Estamos determinados a lutar em cada prédio, em todas as ruas, em todas as partes da cidade", garantiu Klitschko, ex-campeão mundial de boxe dos pesos pesados.
Biden alertou que a Rússia poderia usar armas químicas para dobrar os ucranianos. Esta é uma "ameaça real", disse o democrata antes de partir para Bruxelas, de onde a Otan anunciará maior apoio à Ucrânia.
"Os aliados da Otan intensificaram seu apoio à Ucrânia, incluindo o fornecimento de sistemas avançados de defesa aérea, sistemas antitanque, vários tipos de armas e munições, e espero que eles examinem como podem intensificar seus esforços e fornecer mais equipamentos de proteção e defesa contra armas químicas", declarou o secretário-geral da organização transatlântica, Jens Stoltenberg.
A Aliança também continuará fortalecendo seu flanco leste, com a implantação de novos grupos de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia, disse Stoltenberg. Isso elevaria o número de grupos de batalha implantados do Mar Báltico ao Mar Negro para oito.
O chefe de gabinete do presidente ucraniano pediu aos ocidentais que entregassem "armas ofensivas" como forma de "dissuasão" contra a Rússia.
As três cúpulas marcadas para esta quinta-feira resultarão em "novas sanções contra a Rússia", disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Zelensky, que há dias apela aos parlamentos ocidentais, pediu aos legisladores franceses nesta quarta-feira que as empresas francesas deixem a Rússia.
Horas depois, o chefe da diplomacia ucraniana pediu um "boicote" global à montadora Renault, que resiste em deixar a Rússia, seu segundo maior mercado depois da UE.
Diante de sanções econômicas cada vez mais duras, Putin anunciou que Moscou não aceitará mais pagamentos em dólares ou euros pelo fornecimento de gás à UE.
Esta decisão é "uma quebra de contrato", reagiu o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, que indicou que vai discutir o assunto com os outros países da UE.
Para Anriï Iermak, chefe da administração presidencial ucraniana, o anúncio representa uma "tentativa de fortalecer o rublo e declarar uma guerra econômica à UE".
"Mas o Ocidente pode atingir a Rússia com um embargo de petróleo que afundaria a economia russa. Esta será agora uma batalha econômica chave e o Ocidente deve vencê-la coletivamente", acrescentou.
Outra questão sobre as sanções é se a Rússia será excluída de algumas instituições internacionais, como o G20 de potências industrializadas e emergentes.
A China se manifestou contra a exclusão.
A cúpula da Otan deve instar a China a parar de apoiar a Rússia, disse Stoltenberg, acusando Pequim de contribuir para a disseminação de "mentiras descaradas" sobre a invasão da Ucrânia.
Em Mariupol, há hoje "quase 100 mil pessoas em condições desumanas", afirmou Zelensky. Esta cidade portuária sobre o Mar de Azov enfrenta "um assédio completo. Sem alimento, água, medicamentos, sob constante bombardeio".
Imagens de satélite de Mariupol fornecidas na terça-feira pela empresa privada Maxar mostravam uma paisagem de desolação, com vários prédios em chamas e várias colunas de fumaça emanando da cidade.
Segundo o conselho municipal, cerca de 45.000 moradores da cidade foram evacuados.
"Não é uma guerra, é um genocídio", disse à AFP nesta terça-feira a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova. As guerras "têm regras, princípios. O que vemos em Mariupol é a total ausência de regras", acrescentou.
Venediktova está encarregada de coletar evidências de que crimes de guerra foram cometidos. "Sim, podemos provar isso", afirmou, referindo-se às declarações do presidente dos EUA, que chamou Putin de "criminoso de guerra".
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, declarou nesta quarta-feira que o governo dos EUA "determinou que membros das forças russas cometeram crimes de guerra na Ucrânia".
Pelo menos 121 crianças foram mortas e 167 ficaram feridas na Ucrânia desde o início da guerra, segundo a Procuradoria-Geral da Ucrânia.
De acordo com a última contagem do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos nesta quarta-feira, 977 civis foram mortos, incluindo 82 crianças, e 1.594 ficaram feridos desde o início do conflito.
Desde 24 de fevereiro, mais de 3,6 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, segundo a ONU. Além disso, cerca de 10 milhões de pessoas - cerca de um quarto da população do país - tiveram que abandonar suas casas.
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