Biden viaja à Europa para reforçar união do Ocidente contra Rússia
17:46 | Mar. 23, 2022
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajou nesta quarta-feira (23) à Europa com a missão de reforçar a união dos países ocidentais e aumentar as sanções contra a Rússia por sua tentativa, ao invadir a Ucrânia, de alterar o equilíbrio de poder pós-Guerra Fria.
Biden chegou a Bruxelas, onde participará na quinta-feira das cúpulas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), do G7 e da União Europeia (UE), segundo imagens da emissora de TV CNN.
As três cúpulas, que serão realizadas consecutivamente na capital belga, têm agendas centradas na invasão russa da Ucrânia. Na sexta e no sábado, o presidente americano visitará a Polônia, país fronteiriço com a Ucrânia.
Quando saía da Casa Branca, Biden disse aos jornalistas que a possibilidade de um ataque russo com armas químicas na Ucrânia é uma "ameaça real".
Com as tropas russas cada vez mais estagnadas, a possibilidade de o presidente Vladimir Putin ordenar ataques nucleares, químicos ou biológicos na Ucrânia será um dos cenários abordados nas reuniões da Otan, do G7 e da UE em Bruxelas na quinta-feira.
O conflito com Putin está redefinindo a presidência que Biden assumiu há 14 meses, ao deixar de lado questões domésticas para liderar a aliança transatlântica em uma das crises mais graves que a Europa enfrenta em décadas.
Após quatro anos de Donald Trump - que tratou as nações europeias como concorrentes e desprezou o papel tradicional dos Estados Unidos como principal parceiro na Otan -, Biden colocou ênfase na unidade. Em reuniões em Bruxelas na quinta-feira, tentará ir além.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse a repórteres que Biden buscará "reforçar a incrível unidade que construímos com nossos aliados e parceiros".
A bordo do Air Force One, Sullivan acrescentou que Washington anunciará na quinta-feira "um pacote de sanções que afetam tanto figuras políticas" como "oligarcas" e "entidades" rusas, ao mesmo tempo em que os países do G7 lançarão uma "iniciativa" para garantir que a Rússia não consiga contornar as sanções que lhe foram impostas por invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro.
Após as reuniões com a Otan, o G7 e o Conselho Europeu na quinta-feira, Biden viajará no dia seguinte para a Polônia, vizinha da Ucrânia e agora a linha de frente do que alguns chamam de "nova Guerra Fria". No sábado, o líder americano se encontrará com o presidente polonês Andrzej Duda.
A intensa agenda diplomática girará em torno do confronto com Putin, que busca forçar a Ucrânia a desistir de sua postura pró-Ocidente. Após um mês de combates, as forças russas devastaram diversas áreas do país, mas ainda têm poucas vitórias militares significativas, enquanto os ucranianos continuam resistindo.
Além disso, os Estados Unidos chegaram à conclusão de que o Exército russo cometeu "crimes de guerra" na Ucrânia, segundo afirmou hoje o secretário de Estado, Antony Blinken, com base em informações disponíveis "de fontes públicas e de inteligência".
Embora as forças ucranianas armadas pelo Ocidente resistam com sucesso, Sullivan não acredita no fim rápido da guerra ou na retirada de Moscou.
"Dias difíceis virão na Ucrânia, os mais difíceis para as tropas ucranianas no front e os civis sob bombardeio russo", estimou. "Esta guerra não terminará fácil ou rapidamente", acrescentou, antes de iniciar a viagem ao velho continente.
Se o conflito se prolongar, a capacidade da Rússia de resistir a perdas militares e sanções econômicas dependerá em parte da posição de sua parceira, a China.
Pequim se recusou a condenar a guerra de Putin ou a endossar as sanções ocidentais. Até agora, o principal objetivo de Washington tem sido garantir que os chineses não interviessem ativamente do lado do Kremlin, seja resgatando a economia russa ou mesmo enviando armas.
Sullivan afirmou que não há sinal de que a China esteja fornecendo assistência militar, dias após uma conversa telefônica de quase duas horas entre Xi Jinping e Joe Biden.
"Isso é algo que estamos monitorando de perto", acrescentou.
Biden "certamente consultará sobre um possível envolvimento chinês no conflito na Ucrânia enquanto estiver em Bruxelas e também na Otan", explicou Sullivan.
"Também fará isso quando se dirigir aos 27 líderes da União Europeia, porque em 1º de abril, a União Europeia terá uma cúpula com a China", explicou.
"Estamos muito sintonizados com nossos parceiros europeus" nessa questão, concluiu.
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