Extratos de plantas como o quiabo podem remover microplásticos de águas residuais

Extratos de quiabo e outras plantas suculentas usadas comumente na cozinha podem ajudar a remover microplásticos perigosos de águas residuais, informaram cientistas nesta terça-feira (22).

A nova pesquisa foi apresentada em uma reunião da Sociedade Química dos Estados Unidos e oferece uma alternativa aos produtos químicos sintéticos que são usados atualmente nas usinas de tratamento de água, que podem trazer riscos à saúde.

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"Com o objetivo de avançar e remover microplásticos, ou outro tipo de material, devemos usar componentes naturais não tóxicos", afirmou a pesquisadora principal Rajani Srinivasan, da universidade de Tarleton State, em um vídeo explicativo.

O quiabo é usado como um agente redutor em diversos pratos, como no Gumbo, um tipo de guisado do estado da Louisiana, no sul dos EUA. Também é um ingrediente básico na cozinha do sul da Ásia, onde se chama "bhindi". No Brasil, é amplamente difundido, com destaque para as culinárias mineira e baiana.

Em uma pesquisa anterior, Srinivasan examinou como a substância pegajosa do quiabo e de outras plantas poderia remover os poluentes de origem têxtil da água e, inclusive, microrganismos. Agora, ela queria experimentar o mesmo método com os microplásticos.

Está comprovado que a ingestão de microplásticos, de cinco milímetros ou menos, provoca danos aos peixes em muitos aspectos, desde problemas nos sistemas reprodutivos, até atrofia de crescimento e danos no fígado.

Além disso, teme-se que os microplásticos possam ter impactos negativos nos seres humanos, pois podem se tornar cancerígenos ou mutagênicos, o que significa que podem, potencialmente, aumentar o risco de câncer e de mutações do DNA. Contudo, ainda é necessário fazer mais pesquisas nesse sentido.

De maneira geral, as usinas de tratamento de águas residuais removem os microplásticos em duas etapas.

Na primeira, eles são filtrados da superfície da água, mas isso só remove uma pequena parte. O restante é retirado com produtos químicos, que aglutinam as partículas em grupos maiores que se fundem na água e podem ser separados.

O problema com esses produtos, como a poliacrilamida, é que eles podem se degradar em outros compostos tóxicos.

Por isso, Srinivasan e seus colegas continuam pesquisando como se comportam alguns extratos de plantas que podem ser conseguidas em supermercados, como o quiabo, a babosa, e alguns tipos de cactos.

Os pesquisadores experimentaram com cadeias de carboidratos conhecidas como polissacarídeos, provenientes destas plantas, separadamente, mas também em combinação com outras, em diferentes amostras de água contaminada, observando no microscópio o antes e o depois para determinar o nível de remoção de partículas na água.

Srinivasan espera aumentar a escala e comercializar o processo, permitindo acesso mais amplo à água potável, limpa e segura.

A fonte dos microplásticos está na produção estimada de aproximadamente 8 bilhões de toneladas de plástico no mundo desde os anos 1950, dos quais menos de 10% foram reciclados.

ia/st/cjc/yow/rpr

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