Resgate de centenas de pessoas sob escombros de teatro na Ucrânia, em plena ofensiva russa
Os socorristas ucranianos continuaram nesta sexta-feira (18) o resgate de centenas de pessoas presas sob os escombros um teatro de Mariupol (sudeste), bombardeado pelas forças russas, que dispararam mísseis nas proximidades de Lviv, no oeste do país, região até então pouco afetada pela guerra.
Os países ocidentais tentam aumentar a pressão para que a Rússia ponha um fim ao conflito na Europa, que fez aflorar as tensões entre as potências, algo não visto desde o fim da Guerra Fria.
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou o presidente chinês, Xi Jinping, sobre as "consequências" que o país asiático terá que enfrentar "se fornecer apoio material à Rússia enquanto realiza ataques brutais contra cidades e civis ucranianos".
Xi enfatizou, por sua vez, que "um conflito não é do interesse de ninguém", em declarações à televisão chinesa.
Mais de 130 pessoas foram resgatadas do teatro de Mariupol bombardeado na quarta-feira, mas "centenas" permanecem sob os escombros, informou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
De acordo com um balanço preliminar publicado pelo Conselho Municipal deste porto estratégico do Mar Negro, o bombardeio do teatro deixou uma pessoa gravemente ferida, mas nenhuma vítima fatal.
Zelensky prometeu que as operações de resgate continuariam "apesar dos bombardeios".
O Ministério da Defesa russo anunciou que suas tropas, apoiadas por forças da área separatista pró-Rússia de Donbass (leste), entraram em Mariupol.
As tropas russas "estreitam o cerco e combatem os nacionalistas no centro da cidade", disse o porta-voz do ministério russo.
Tomar Mariupol permitiria à Rússia garantir a continuidade territorial entre suas forças da Crimeia e as milícias de Donbass.
A prefeitura de Mariupol afirmou que a situação é "crítica", com bombardeios russos "ininterruptos" e danos "colossais". Segundo estimativas iniciais, 80% das casas da cidade foram destruídas.
Autoridades ucranianas acusaram na quarta-feira aeronaves russas de bombardear "deliberadamente" o prédio que abriga centenas de refugiados. A Rússia negou esses ataques e atribuiu o atentado às milícias nacionalistas ucranianas.
Na mesma linha, Putin disse ao presidente francês, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira que as forças ucranianas são culpadas de "vários crimes de guerra", especialmente na região de Donbass, e que as tropas russas estão fazendo "todo o possível" para evitar mortes de civis, informou o Kremlin.
O presidente russo também participou de um grande comício em um estádio de Moscou, para comemorar com tom triunfante o oitavo aniversário da anexação da Crimeia, península do Mar Negro até 2014 sob soberania da Ucrânia.
As imediações do aeroporto de Lviv, no oeste da Ucrânia, foram atingidas por mísseis russos, levando o conflito para uma área pouco afetada até então, próxima à Polônia, membro da Otan e da União Europeia (UE).
O Ministério da Defesa da Rússia disse que o ataque teve como alvo uma fábrica de reparos de aviões de combate.
Nos subúrbios de Kiev, uma pessoa foi morta no bombardeio de um prédio e uma escola e um parquinho também foram atingidos, segundo autoridades da capital ucraniana.
Um corpo coberto por um lençol foi visto perto de uma enorme cratera deixada pela explosão que quebrou as janelas da escola, disseram repórteres da AFP.
"Assustador", declarou Anna-Maria Romanchuk, uma estudante de 14 anos da escola, com os lábios trêmulos.
Cerca de metade dos 3,5 milhões de habitantes de Kiev fugiram da cidade, onde, segundo o gabinete do prefeito, 222 pessoas - incluindo 60 civis - foram mortas desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
O bombardeio também continua em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, onde pelo menos 500 pessoas foram mortas desde o início da guerra.
De acordo com o serviço de emergência ucraniano, os disparos russos atingiram "um estabelecimento de ensino superior" em Kharkiv e "dois edifícios residenciais vizinhos", causando uma morte e 11 feridos.
Até agora, nenhum balanço global do conflito foi divulgado, embora Zelensky tenha mencionado em 12 de março a morte de "cerca de 1.300" soldados ucranianos. Moscou havia relatado quase 500 baixas em suas fileiras dez dias antes.
De acordo com a contagem de 16 de março do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Ucrânia, pelo menos 780 civis - incluindo 58 crianças - foram mortos violentamente na Ucrânia e mais de 1.250 ficaram feridos desde o início da invasão.
Até o momento, mais de três milhões de ucranianos fugiram do país, a maioria para a Polônia, onde mais de dois milhões de imigrantes já haviam chegado na sexta-feira, segundo guardas de fronteira poloneses.
Por enquanto, não há indícios de que Moscou vai interromper a ofensiva, apesar do diálogo aberto entre os dois países.
Durante uma conversa nesta sexta-feira com o chanceler alemão, Olaf Scholz, Putin acusou a Ucrânia de "adiar" as negociações para acabar com o conflito e afirmou que as autoridades do país apresentam propostas "que não são realistas".
No entanto, o chefe da delegação russa, Vladimir Medinski, citou uma "aproximação" de posições sobre o status de neutralidade da Ucrânia e os avanços na desmilitarização do país, informaram agências russas.
A Rússia quer que a Ucrânia, uma ex-república soviética, se torne um país neutro e desmilitarizado. As autoridades ucranianas, que agora não descartam a ideia de neutralidade, exigem a designação de países como garantes de sua segurança.
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