Especialistas do clima analisam soluções após advertir sobre catástrofe

Como frear as mudanças climáticas que estão afetando toda humanidade? Cerca de 200 Estados examinam, a partir da próxima segunda-feira (21), o leque de soluções para reduzir as emissões, em um contexto de guerra na Ucrânia que ilustra a dependência das energias fósseis.

Os especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) alertaram, mais uma vez, sobre as consequências do aquecimento do planeta em um informe publicado há mais de três semanas. Nele, advertiram que quase metade dos habitantes do planeta já está "muito vulnerável" ao fenômeno.

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O novo capítulo desse vasto informe, o das propostas, deve ser concluído até 4 de abril.

"Em seu conjunto, a mensagem é que a ciência é clara, que os impactos são custosos e crescentes, mas que ainda temos a possibilidade de evitar o pior, se agirmos agora", explicou Alden Meyer, analista do "think tank" E3G à AFP.

"Este informe nos dirá do que precisamos, se formos sérios a esse respeito", acrescentou.

Publicado em agosto de 2021, o primeiro capítulo expôs a aceleração do aquecimento. O limite de +1,5ºC em relação à era pré-industrial - meta mais ambiciosa do Acordo de Paris - poderá ser atingido até 2030.

O segundo capítulo foi o que detalhou com pessimismo as consequências para o ser humano.

A partir de segunda-feira, e ao longo de duas semanas de debates em torno de milhares de páginas, os especialistas revisarão todos os cenários possíveis para frear o fenômeno, divididos em grande setores (como energia, indústria e agricultura), sem se esquecer do grau de aceitabilidade social e do papel das tecnologias para absorver e armazenar carbono.

"Muitas coisas mudaram", desde o último ciclo de avaliação do IPCC, afirma Taryn Fransen, do World Resources Institute, em conversa com a AFP.

Desde então, assinou-se em 2015 o histórico Acordo de Paris sobre o Clima, e os cientistas, apoiados pelos meios de comunicação e pelas ONGs, têm destacado repetidamente os fenômenos climáticos mais extremos, das secas às inundações.

"Embora saibamos há muito tempo o que temos de fazer", atingir os objetivos do Acordo de Paris não significa caminhar "por um único caminho", lembra Taryn Fransen.

O informe "apresentará diversos caminhos e, depois, caberá aos nossos dirigentes levá-los a sério", em função de seus contextos nacionais, acrescenta.

Na última reunião internacional da ONU sobre o Clima (COP26), os Estados-parte do Acordo de Paris se comprometeram, em particular, a acelerar sua desvinculação das energias fósseis.

As propostas contidas no informe do IPCC serão, igualmente, "uma informação importante no debate na Europa e nos Estados Unidos em torno da saída do gás e petróleo russos", destaca Alden Meyer, que espera que, "no longo prazo", a guerra na Ucrânia "vá dar mais impulso" à decisão coletiva de se abandonar o gás e o petróleo.

A invasão da Ucrânia irrompeu nos debates do mês de fevereiro no âmbito do IPCC. A plenária se viu tomada por uma declaração inflamada da chefe da delegação ucraniana, Svitlana Krakovska.

"A mudança climática provocada pelo homem e a guerra na Ucrânia têm as mesmas raízes: os combustíveis fósseis e nossa dependência deles", declarou ela, segundo fontes presentes à reunião.

O debate em torno das medidas para lutar contra o aquecimento corre o risco de esquentar ainda mais nas próximas duas semanas, diante da escalada dos preços do barril de petróleo e da ameaça que paira sobre o fornecimento de gás para a Europa.

abd/so/uh/gvy/jz/me/dd/tt

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clima IPCC ONU economia

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