Economia russa 'vai retroceder 20 ou 30 anos', alerta ex-assessor do governo russo

A economia da Rússia "recuará 20 ou 30 anos" devido à ofensiva na Ucrânia, disse à AFP Serguei Guriev, ex-assessor econômico do governo russo, para quem o presidente Vladimir Putin colocou em risco o futuro de seu regime.

"Putin conseguiu destruir a economia russa em poucas semanas", disse o ex-economista-chefe do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), atualmente exilado na França.

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O professor da Sciences Po Paris, consultor econômico do governo russo no início de 2010, prevê uma "enorme recessão" e um "provável" calote da Rússia devido às sanções ocidentais.

Guriev, ex-membro do conselho de administração do Sberbank, principal banco russo, fugiu de seu país em 2013, pois se considerava ameaçado pelas autoridades por sua proximidade com o opositor Mikhail Khodorkovsky, preso em 2003.

"A economia [russa] estagnou nos últimos oito anos. Mas o que estamos enfrentando agora é um retrocesso de 20 ou 30 anos em termos de renda familiar e estrutura da economia", acrescentou.

"É difícil imaginar quantos anos levará para o PIB voltar ao nível de 2021", disse o economista, que considerou uma "tragédia", embora "não comparável ao drama na Ucrânia".

Politicamente, Putin "reduziu a expectativa de vida de seu regime" por esse ataque "mal calculado" à Ucrânia, opinou ele.

Ele é um presidente "desinformado", que "superestimou a força do exército russo" e "subestimou" os ucranianos e a "unidade do Ocidente".

Após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, os países ocidentais impuseram sanções econômicas contra o Banco Central, importações russas como petróleo e a oligarcas próximos ao Kremlin, entre outros.

O efeito das medidas, além da saída de muitas empresas privadas, é difícil de prever no momento. A agência S&P Global projeta uma contração de 6,2% do PIB em 2022, mas o impacto pode ser maior, segundo Guriev.

A Rússia, que quase não impôs restrições à sua economia desde o início da pandemia, registrou um aumento anual de 4,7% em seu PIB em 2021, indicou a agência estatística Rosstat em meados de fevereiro.

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