FMI: guerra na Ucrânia faz preços subirem em América Latina e Caribe

18:51 | Mar. 15, 2022

Por: AFP

A economia global está sofrendo as consequências da invasão russa da Ucrânia, que faz subir os preços dos alimentos e da energia na América Latina e no Caribe, aumentando a inflação, advertiu nesta terça-feira (15) o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um blog.

"Os preços dos alimentos e da energia são a principal via de efeitos colaterais, que serão substanciais em alguns casos", afirmam os economistas da organização, que advertem que os aumentos mais pronunciados "podem gerar maior risco de distúrbios em algumas regiões".

"É provável que os altos preços das matérias-primas acelerem consideravelmente a inflação" na região, que registra, em média, uma taxa anual de 8% em cinco das principais economias: Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru.

Já a Argentina, a segunda maior economia da América do Sul, vive uma situação ainda pior, segundo dados desta terça-feira, pois registra uma inflação de mais de 52% nos últimos 12 meses.

Esta situação obrigaria os bancos centrais a incrementar o combate à inflação, um flagelo que corrói o poder de compra dos salários e acaba afetando a demanda.

Rússia e Ucrânia são grandes produtores de matérias-primas e as interrupções no comércio destes produtos e o temor de uma escassez de grãos, por exemplo, fizeram os preços dispararem nos mercados mundiais, especialmente no caso das commodities energéticas, como petróleo e gás natural.

O custo de alguns alimentos também aumentou após a alta do preço do trigo. Ucrânia e Rússia representam cerca de 30% das exportações mundiais do cereal.

Contudo, os efeitos dos aumentos são sentidos de diferentes maneiras nos países de América Latina e Caribe.

O aumento do petróleo prejudica os importadores de América Central e do Caribe, enquanto os exportadores de hidrocarbonetos, cobre, minério de ferro, milho, trigo e metais podem arrecadar mais e assim mitigar o impacto do conflito no crescimento econômico, estimam os economistas do FMI.

Além disso, eles alertam que, apesar de as condições financeiras permanecerem relativamente favoráveis, elas podem se agravar se o conflito bélico se intensificar, derivando em uma política monetária interna mais conservadora que teria consequências sobre o crescimento.

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