Sem inclusão das mulheres não haverá economias sustentáveis, diz chefe da ONU
As mulheres devem estar "à frente e no centro" das políticas para enfrentar a crise ambiental e as consequências sociais e econômicas da pandemia de coronavírus, declarou nesta segunda-feira (14) o secretário-geral da ONU, António Guterres.
"As necessidades e os interesses das mulheres são muitas vezes ignorados e deixados de lado nas políticas e decisões sobre o uso da terra, a poluição, a preservação e as ações para o clima", disse Guterres na abertura de uma reunião da Comissão sobre a Situação Jurídica e Social da Mulher da ONU, que desde 1946 se dedica à promoção da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
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A prova é que apenas um terço dos cargos em que são tomadas decisões em mecanismos - como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris - são ocupados por mulheres e apenas 15% dos ministros são mulheres, observou ele.
As mulheres continuam "amplamente excluídas das salas onde as decisões são tomadas", denunciou.
Em todo o mundo, apenas um terço dos 192 programas energéticos nacionais contemplam aspectos de gênero. E estes quase nunca são levados em conta, o que "demonstra" que o sistema patriarcal "exclui as mulheres e impede que suas vozes sejam ouvidas".
Enquanto isso, "em toda parte, mulheres e meninas enfrentam as piores ameaças e os danos mais profundos". São as principais vítimas de desastres ambientais, de ameaças aos recursos naturais, incluindo alimentos e água, de desnutrição, de casamento infantil.
"Estou profundamente alarmado com o aumento da violência e as ameaças contra mulheres defensoras dos direitos humanos e ativistas ambientais", ressaltou Guterres.
"Não podemos realizar nenhum de nossos objetivos sem a contribuição de todos", disse ele antes de acrescentar que, em todas as esferas, as vozes, direitos e contribuições das mulheres são "vitais para construir economias sustentáveis e sociedades resilientes".