Rússia bombardeia base militar no oeste da Ucrânia, perto da Polônia
10:05 | Mar. 13, 2022
A Rússia bombardeou uma base militar no oeste da Ucrânia, perto da fronteira polonesa, neste domingo (13), matando 35 pessoas, enquanto o cerco das forças russas em torno de Kiev aperta.
A base militar atacada está localizada em Yavoriv, a cerca de 40 quilômetros a noroeste de Lviv, destino de milhares de deslocados internos, e a cerca de 20 quilômetros da fronteira com a Polônia, país membro da Otan.
Nos últimos anos, essas instalações receberam exercícios de treinamento do exército ucraniano com instrutores estrangeiros, principalmente do Canadá e dos Estados Unidos.
"A Rússia atacou o Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança. Instrutores estrangeiros trabalham lá", disse o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov.
"Este é um novo ataque terrorista contra a paz e a segurança perto da fronteira UE-Otan. Ações devem ser tomadas para impedir isso. Feche o céu!", acrescentou, reitrando os apelos do governo ucraniao para que se crie uma zona de exclusão sobre a Ucrânia, algo que a Otan se recusa a fazer por medo de que o conflito se espalhe.
Os bombardeios causaram 35 mortes e 134 feridos, segundo um novo relatório do governador da região, Maxim Kozitsky. Anteriormente, as autoridades haviam relatado nove mortos e 57 feridos.
"O bombardeio aéreo foi realizado nos mares Negro e Azov. No total, os invasores dispararam mais de 30 mísseis. O sistema de defesa aérea ucraniano funcionou. Abatemos alguns mísseis no ar", disse ele.
Naquela região, bombardeios foram relatados em um aeroporto militar em Lutsk no sábado, matando quatro soldados ucranianos.
Neste domingo, o prefeito de Ivano-Frankivsk, cerca de 100 quilômetros ao sul de Lviv, disse que o aeroporto havia sido atacado pela manhã.
Por sua vez, o papa Francisco lançou um apelo sincero pelo fim do "massacre" e do "ataque armado inaceitável" na Ucrânia.
O exército russo continua atacando o sul do país, onde a cidade sitiada de Mariupol aguarda a chegada de um comboio de ajuda humanitária.
Essa caravana, vinda de Zaporizhzhia, foi bloqueada por mais de cinco horas em um posto de controle russo no sábado.
Mariupol, uma cidade portuária estratégica, está atolada em uma situação "quase desesperadora", segundo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), devido à falta de alimentos, água, gás, eletricidade e comunicações.
A Turquia pediu ajuda à Rússia para evacuar seus cidadãos presos na cidade, disse o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, neste domingo.
Tentativas de evacuar milhares de civis foram feitas em vão em várias ocasiões. "Mariupol ainda está cercada, o que [os russos] não conseguem por meio da guerra querem ter por meio da fome e do desespero. Como não podem derrotar o exército ucraniano, estão mirando na população", analisou uma fonte militar francesa.
O governo russo reconhece que "em algumas cidades" a situação "atingiu proporções catastróficas", segundo o general Mikhail Mizintsev, citado no sábado pelas agências de notícias russas. Mas o oficial atribuiu a tragédia aos "nacionalistas" ucranianos, acusando-os de plantar minas em áreas residenciais, destruir infraestrutura e prender a população civil.
Também no sul, Odessa continua se preparando para uma ofensiva das tropas russas, que atualmente estão concentradas em Mykolaiv, cerca de 100 km a leste.
Nove pessoas morreram no bombardeio russo da cidade costeira, disse o governador da região, Vitali Kim, neste domingo. No sábado, os bombardeios atingiram um centro de câncer e uma clínica de oftalmologia, confirmou um jornalista da AFP.
As vítimas aparecem nas ruas de algumas cidades e os saldos são impossíveis de verificar. "Cerca de 1.300" militares ucranianos foram mortos desde 24 de fevereiro, disse o presidente Volodimir Zelensky no sábado, na primeira contagem oficial desde o início da invasão.
O exército russo perdeu "cerca de 12.000 homens", disse o chefe de Estado.
A Rússia, por sua vez, anunciou em 2 de março seu único saldo até o momento, de 498 soldados mortos.
Quanto aos civis, 579 teriam sido mortos, segundo a ONU, que alerta, no entanto, que o número real é provavelmente muito maior. Mais de 2,7 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, aos quais se somam cerca de dois milhões de deslocados internos, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Nas últimas 24 horas, quase 100.000 pessoas fugiram dos combates, disse a ONU neste domingo.
Presentes nos arredores de Kiev, tropas russas tentam neutralizar cidades vizinhas para "bloquear" a capital, segundo o Estado-Maior ucraniano. Seus subúrbios do noroeste (Irpin, Bucha) foram fortemente bombardeados nos últimos dias.
Neste domingo, em Irpin, as forças ucranianas retiraram os corpos de três soldados em macas. Na ausência de uma ponte, que foi demolida, os soldados atravessaram um rio passando por algumas tábuas.
Enquanto isso, vários idosos, alguns chorando, estavam sendo evacuados de microônibus para a capital, observou um jornalista da AFP.
De acordo com soldados ucranianos ouvidos pela AFP em Irpin, Bucha já está nas mãos de soldados russos.
No entanto, tanto a oeste quanto a leste da capital, a resistência ucraniana é feroz, notaram os jornalistas da AFP.
No nível diplomático, o presidente russo, Vladimir Putin, continua manifestando sua determinação e no sábado denunciou que as forças ucranianas cometeram "violações flagrantes" do direito humanitário.
No entanto, o presidente Zelensky enfatizou que a Rússia adotou uma "abordagem fundamentalmente diferente" nas negociações para encerrar o conflito.
O presidente ucraniano salientou que Moscou não se limita mais a "dar ultimatos" e recebeu as declarações de Putin com otimismo, admitindo que houve "passos positivos" nas últimas negociações bilaterais.
Na quinta-feira, a Turquia sediou as primeiras negociações entre os ministros das Relações Exteriores russo e ucraniano desde o início da invasão.
O Kremlin disse que as conversas entre as delegações de ambos os lados continuarão por videoconferência.
Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais exercem pressão econômica sobre Moscou, mas querem evitar um confronto direto entre a Otan e a Rússia.
No sábado, Washington aprovou outros US$ 200 milhões em armas e ajuda para a Ucrânia. A Rússia alertou que poderia atacar comboios ocidentais com ajuda militar à Ucrânia, que se tornaram "alvos legítimos".
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