Polônia quer 'cortar oxigênio' da 'máquina de guerra' russa e enviar Migs-29 à Ucrânia
14:05 | Mar. 09, 2022
Em visita à Áustria nesta quarta-feira (9), o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, pediu que se "corte o oxigênio" da "máquina de guerra" russa, aplicando sanções, sobretudo, aos magnatas.
"A guerra não deve ter oxigênio. E qual é o oxigênio para a máquina de guerra de (Vladimir) Putin? Em primeiro lugar, o dinheiro procedente dos magnatas, do petróleo, do gás. (...) É por isso que as sanções devem ser reais", declarou o chefe de Governo polonês, em entrevista coletiva com o chanceler anfitrião, Karl Nehammer.
"Temos de sair da nossa zona de conforto", frisou.
"Aqui em Viena também há magnatas amigos de Putin que usam sua fortuna para apoiar" o presidente russo.
As importações de gás da Áustria procedem, principalmente da Rússia. Além disso, é um país neutro, cujo sigilo bancário, agora levantado, atraiu durante muito tempo as grandes fortunas dos países da ex-URSS.
Vários empresários russos têm interesses econômicos neste país, devido à sua prosperidade e proximidade geográfica.
Ainda segundo o premiê Morawiecki, a Polônia está disposta a entregar seus caças MiG-29 à Ucrânia, como insiste Kiev, mas pede que a decisão seja tomada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), enquanto Moscou adverte que esta situação criaria um "cenário potencialmente perigoso".
"A Polônia não é parte desta guerra, e a OTAN tampouco. Uma decisão tão séria quanto a transferência dos aviões deve ser tomada por unanimidade por toda OTAN", reiterou o premiê.
"Esta decisão está hoje nas mãos da OTAN (...) Apenas entregamos apenas armas defensivas", acrescentou.
Ontem, por meio de um comunicado de seu Ministério das Relações Exteriores, a Polônia disse que estava pronta "para entregar, sem demora e gratuitamente, todos seus aviões Mig-29 na base [alemã] de Ramstein ao governo dos Estados Unidos".
O anúncio provocou um mal-estar diplomático com Washington, que rejeitou a oferta, afirmando que poderia ser fonte de "grave preocupação" para a OTAN, em meio às negociações na aliança militar e na UE sobre o envio de aviões para a Ucrânia.
Em 27 de fevereiro, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, abordou este assunto pela primeira vez.
"O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, disse que precisava de aeronaves que os ucranianos possam pilotar. Alguns Estados-membros dispõem desse tipo de aeronave e vamos entregá-las com outros armamentos necessários para uma guerra", declarou nesta data.
Apenas alguns países do Leste Europeu, ex-membros do Pacto de Varsóvia, possuem, oficialmente, Mig-29 em suas frotas.
Antigos aparelhos de fabricação soviética, os Mig-29 poderiam ser usados por pilotos ucranianos sem necessidade de treinamento.
A Polônia tem cerca de 30 Migs, mas apenas 23 estariam em condições de operar, segundo a imprensa local.
"Não acreditamos que a proposta polonesa seja viável", reagiu o porta-voz do Pentágono, John Kirby, ressaltando que a decisão de transferir, ou não, aviões poloneses para a Ucrânia "é do governo polonês".
Dois dias antes, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou que o país estava "trabalhando ativamente" com Varsóvia para chegar a um acordo sobre o assunto.
Segundo a imprensa americana, a ideia era fornecer à Polônia F-16 americanos em troca de Migs, que então seriam entregues à Ucrânia.
No Reino Unido, o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, disse ontem que a decisão da Polônia seria "algo bom", mas que poderia colocar o país "na linha de fogo direta" da Rússia e de Belarus.
Hoje, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, referiu-se a esta situação como "um cenário muito indesejável e potencialmente perigoso".
Segundo o jornal Gazeta Wyborcza, a grande questão "não é saber se a Ucrânia receberá os Mig-29 poloneses, e sim como entregá-los às autoridades de Kiev" sem provocar uma reação de Moscou.
De acordo com o direito internacional, o país, do qual decola um avião armado, pode ser considerado um país que se une à guerra, explica o jornal, o que Varsóvia quer evitar a todo custo.
Nesta quarta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos países ocidentais uma resposta rápida.
"Tome uma decisão o mais rápido possível, envie-nos seus aviões!", convocou, em um vídeo publicado no Telegram.
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