Baixas militares disparam na Ucrânia
13:36 | Mar. 09, 2022
Após duas semanas de ofensiva russa na Ucrânia, o custo humano e material do mais grave conflito militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial está aumentando acentuadamente: enxurrada de mortos, êxodo em massa e muitos aparatos militares destruídos.
O alto número de vítimas após duas semanas de conflito atesta sua intensidade.
Embora seja necessário cautela ao analisar os dados disponíveis, a Rússia, que mobilizou mais de 150.000 soldados, sem dúvida enfrenta grandes perdas.
O único relatório oficial russo disponível, publicado em 2 de março, menciona quase 500 soldados mortos e 1.600 feridos em suas fileiras, uma média de cerca de 80 mortos e 260 feridos por dia. Os números, no entanto, parecem subestimados.
Na terça-feira (8), os Estados Unidos estimaram que entre 2.000 e 4.000 russos tinham morrido em combate, ou seja, entre 153 e 307 mortes por dia.
Com a proporção de três feridos para cada morto anunciada por Moscou, o exército russo contaria neste caso com entre 6.000 e 12.000 feridos.
Em termos de comparação, cerca de 4.000 soldados americanos morreram no Iraque entre 2003 e 2021. No Afeganistão, 2.500 militares americanos não voltaram para casa em duas décadas de conflito com os talibãs.
Com o conflito na Ucrânia, "o mundo está redescobrindo o combate de alta intensidade", diz Pierre Razoux, diretor acadêmico da Fundação Mediterrânea para Estudos Estratégicos (FMES, na sigla em francês).
Razoux lembra que esse nível de desgaste já foi alcançado durante a guerra da Chechênia (1994-1996) e a guerra árabe-israelense do Yom Kippur (1973), na qual "os israelenses tiveram 3.000 mortos e 9.000 feridos em três semanas".
"Durante a guerra entre Irã e Iraque, os números chegavam a 1.000 mortos por dia nas grandes ofensivas", explica o acadêmico, ao mencionar o conflito ocorrido na década de 1980.
Na Ucrânia, o número de mortos pode aumentar se os russos entrarem nas grandes cidades, onde as forças ucranianas entrincheiradas terão vantagens táticas significativas.
"Se as forças ucranianas continuarem a infligir baixas ao exército russo no ritmo atual, [o presidente russo Vladimir] Putin terá que começar a pensar em uma estratégia de saída viável", disse Gustav Gressel, citado em nota do think tank do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR, na sigla em inglês).
Kiev, por sua vez, não relatou suas baixas, mas Moscou assinalou no início de março que 2.800 soldados ucranianos tinham sido mortos.
Veículos blindados em chamas, destruídos, caminhões abandonados nas estradas... Imagens mostram danos significativos em equipamentos militares.
Um balanço superestimado do Ministério da Defesa ucraniano sobre as perdas russas relata 81 helicópteros, 317 tanques, mil veículos blindados, 120 canhões de artilharia, 28 veículos de defesa aérea, 56 lançadores de foguetes, 60 navios-tanque, sete drones e três navios.
O site oryxspioenkop.com, que registra apenas perdas documentadas de material ucraniano e russo, observou nesta quarta-feira (9) que a Rússia perdeu 151 tanques, quase 300 veículos blindados, 10 caças e 11 helicópteros, em comparação com 46 tanques, quase 100 veículos blindados, cinco caças e dois navios perdidos pela Ucrânia.
O conflito lançado em 24 de fevereiro causou uma das maiores crises humanitárias do continente.
Mais de dois milhões de pessoas fugiram para o exterior, principalmente a Polônia, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
A União Europeia espera receber até cinco milhões de refugiados. O aumento dos bombardeios na Ucrânia possivelmente levará a um número maior de mortes de civis.
Desde o início da guerra, pelo menos 474 civis foram mortos e 861 feridos, segundo a última contagem da ONU, que destaca que seus números são provavelmente inferiores à realidade.
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