Investigação acusa ex-presidente da Câmara dos Comuns de assédio moral e 'mentiras em série'
O célebre ex-presidente da Câmara dos Comuns John Bercow, conhecido por seus discursos teatrais durante os intermináveis debates sobre o Brexit, foi taxado de "assediador" e "mentiroso" em uma investigação do Parlamento britânico nesta terça-feira (8).
Bercow, de 59 anos, deixou o cargo em 2019 após tê-lo ocupado por dez anos. Após sua saída, foi acusado de intimidar sua equipe ao ponto de assédio moral.
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Em um relatório divulgado nesta terça-feira, um grupo de especialistas independentes do Parlamento, encarregado de investigar essas alegações com base no depoimento de três ex-funcionários, determinou que Bercow se comportou como um "assediador em série" e um "mentiroso em série".
"Como muitos intimidadores, ele tinha seus favoritos e suas vítimas", observaram. "Seu comportamento foi tão grave que se ele ainda fosse deputado teríamos chegado à conclusão de que deveria ser expulso. Sugerimos que ele não tenha mais direito ao seu passe parlamentar", acrescentaram.
Bercow reagiu chamando o relatório de "uma farsa da justiça e uma vergonha para a Câmara dos Comuns". E considerou que é o resultado de um "processo excessivamente longo, pouco profissional e injusto que não teria sobrevivido nem cinco minutos de escrutínio em tribunal".
Mesmo que seu passe parlamentar seja revogado, esse ex-deputado, cujos gritos de "ordem, ordem!" viralizaram no passado, ainda pode entrar na câmara como convidado ou público.
Durante seus anos como "orador", esse conservador foi a pedra no sapato dos sucessivos governos do Partido Conservador. O primeiro-ministro David Cameron (2010-2016) até tentou derrubá-lo, sem sucesso.
Em duas ocasiões em 2019, ele impediu que os chefes de governo Theresa May e Boris Johnson organizassem votações sobre o controverso acordo do Brexit, alegando que o mesmo texto não poderia ser debatido mais de uma vez, o que lhe rendeu acusações de parcialidade.
Ele também recebeu críticas dos conservadores por se manifestar contra a realização de um discurso de Donald Trump no Parlamento durante uma visita do ex-presidente americano em 2018 e foi criticado por exigir milhares de libras para renovar sua residência oficial.
No ano passado, ele anunciou que estava deixando o Partido Conservador por ser "xenófobo" e chamou Johnson de "o pior primeiro-ministro da minha vida".
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