Enviar aviões de combate à Ucrânia, uma opção complexa em análise
A opção sem precedentes de fornecer em caráter de urgência caças aos ucranianos para ajudar na defesa de seu espaço aéreo contra os russos, uma possibilidade citada por vários líderes ocidentais, é muito difícil de ser concretizada.
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A Ucrânia pede aos países ocidentais que forneçam ajuda militar, como aviões, para que o país consiga se defender da invasão da Rússia.
"Somos humanos e é seu dever humanitário nos proteger", afirmou no domingo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. "Se vocês não fornecerem ao menos aviões para que possamos nos proteger, só poderemos chegar a uma conclusão: vocês também querem que nos matem lentamente!".
A frota militar ucraniana é exclusivamente composta por antigos caças soviéticos do tipo Mig-29 e Sukhoi-27 (defesa antiaérea e apoio em terra), além de caça-bombardeiros Sukhoi-25, segundo o "Balanço militar" do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS). Estas aeronaves são as únicas que os ucranianos poderiam pilotar sem treinamento prévio.
De qualquer forma, seriam apenas os ucranianos que os pilotariam, para que outros países não fossem acusados de participação no conflito.
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que é necessário "parar esta guerra sem nos tornarmos beligerantes". Na mesma linha, a Otan se recusa a instaurar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, apesar dos apelos do governo ucraniano.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borell, mencionou o fornecimento de caças de fabricação soviética por parte de países membros da União Europeia que possuem tais aparelhos.
De acordo com o relatório do IISS, apenas alguns países do leste europeu, ex-membros do Pacto de Varsóvia, dispõem oficialmente em sua frota de Mig-29 soviéticos, cujas capacidades antiaéreas são as que se adaptam às necessidades ucranianas para combater os caças russos: Eslováquia (14), Bulgária (11) e Polônia (28), que recebeu a frota via Alemanha após o pagamento simbólico de um euro no início dos anos 2000.
No domingo, durante uma visita à Moldávia, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, reforçou a tese do envio de caças à Ucrânia ao afirmar que Washington estuda "ativamente" um acordo neste sentido com a Polônia, mas afirmou que era "impossível falar de um calendário".
Segundo a imprensa americana, o governo dos Estados Unidos estaria pronto para fornecer à Polônia aviões F-16 para substituir as aeronaves antigas.
Questionado no domingo sobre um possível envio de caças da UE para a Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, recomendou "discrição" neste caso.
"Penso que é oportuno, na situação em que estamos, que cada país atue com discrição sobre os materiais fornecidos à Ucrânia", destacou.
No momento, a Polônia, como outros países do leste europeu que integram a Otan e possuem aviões soviéticos, está cautelosa. Dois fatores podem explicar: o desejo de não enfraquecer a própria frota de caças com uma guerra perto de suas fronteiras e o medo de ser considerado beligerante pela Rússia.
"A Polônia não enviará seus caças à Ucrânia e tampouco autorizará o uso de seus aeroportos. Damos uma ajuda importante em muitos outros campos", afirmou o governo polonês no domingo no Twitter.
"Para entregar um avião é necessário voar ao país em questão, o que poderia ser interpretado como uma participação ativa no conflito por parte de um país da Otan", afirmou um piloto de caça francês que pediu anonimato. O transporte por estrada é possível, mas seria um difícil desafio logístico, ainda mias que várias pontes foram destruídas na Ucrânia.
Outra incerteza: o atual estado das bases aéreas militares ucranianas que recebem regularmente os Mig-29 e a capacidade das forças ucranianas de mantê-las em um ambiente tão degradado.
No domingo, bombardeios russos destruíram uma base aérea ucraniana, em Vinnytsia, 200 quilômetros ao sudoeste de Kiev.
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