Empresa do gasoduto Nord Stream 2 estaria à beira da falência

Funcionários já foram demitidos e fontes afirmam que companhia apresentará pedido de insolvência. Gasoduto entre Rússia e Alemanha não chegou a operar e foi bloqueado como sanção pela invasão da Ucrânia

00:02 | Mar. 07, 2022

Por: DW

A empresa Nord Stream 2 AG, sediada na Suíça e responsável pelo planejamento, construção e operação do gasoduto homônimo, que conecta Rússia e Alemanha, está prestes a falir, segundo fontes afirmaram à agência de notícias Reuters. O Nord Stream 2 é o gasoduto submarino mais longo do mundo, custou 9,5 bilhões de euros (R$ 54,5 bilhões) e foi concluído em setembro de 2021, mas não chegou a entrar em funcionamento devido à falta de aprovação de órgãos reguladores alemães.

O projeto acabou travado por tempo indeterminado como parte dos pacotes de sanções da Alemanha e dos Estados Unidos à Rússia pela invasão da Ucrânia. A Nord Stream 2 AG é uma subsidiária da estatal russa do gás Gazprom. Segundo duas pessoas com conhecimento sobre o plano da empresa, a companhia deve apresentar oficialmente nesta semana um pedido de insolvência na Suíça.

O ministro da Economia da Suíça, Guy Parmelin, confirmou que a Nord Stream 2 AG já encerrou os contratos de trabalho de mais de 140 funcionários na cidade de Zug, onde fica a sede da empresa. Também solicitou uma reunião com representantes das autoridades locais, segundo informou uma rede suíça de televisão.

Projeto controverso

O gasoduto Nord Stream 2 é fonte de divergências entre a Alemanha e seus aliados há muitos anos. Os Estados Unidos se opunham ao projeto, mas em julho de 2021 Berlim e Washington chegaram a um acordo que permitiu a conclusão da obra sem sanções americanas. Em novembro do ano passado, no entanto, o regulador do setor de energia da Alemanha interrompeu temporariamente o processo de aprovação do gasoduto, dizendo que a subsidiária definida para operar a parte alemã da obra ainda não atendia às condições para ser uma "operadora de transmissão independente".

O gasoduto sob o Mar Báltico foi desenvolvido para ampliar o fornecimento de gás russo para a Alemanha. Durante a sua construção, Berlim argumentou que o projeto era necessário para atuar como uma ponte na transição para a energia limpa, a fim de substituir combustíveis fósseis e energia nuclear por fontes sustentáveis (como eólica e solar). O projeto demorou mais de uma década para sair do papel e começou a ser construído em maio de 2018.

Vínculo com a Gazprom

O Nord Stream 2 pertence à estatal russa de gás Gazprom, mas metade do projeto foi financiado por multinacionais do setor de energia e petróleo, como Shell, OMV, Engie, Uniper e Wintershall DEA. Nos últimos dias, uma série de sanções foram impostas à Rússia pela União Europeia e países como Canadá e Estados Unidos. O Departamento do Tesouro dos EUA, por exemplo, determinou que todas as transações com a Nord Stream 2 AG e suas participações majoritárias fossem liquidadas até esta quarta-feira.

A Nord Stream 2 AG e a Gazprom não comentaram as informações. A Uniper afirmou que não estar ciente de um iminente pedido de insolvência. Outros participantes ou financiadores do projeto não foram localizados ou não comentaram. A subsidiária Gas for Europe, que fica em Schwerin, no norte da Alemanha, e foi fundada pela Nord Stream 2, suspendeu suas operações.

"Devido à situação da Nord Stream 2 AG, as atividades da Gas for Europe foram interrompidas", disse um porta-voz da empresa. A subsidiária havia sido fundada para atender às exigências da agência reguladora alemã.