Preços do petróleo voltam a disparar após sanções contra Rússia
20:25 | Mar. 01, 2022
Os preços dos dois barris de referência para o petróleo no mundo dispararam nesta terça-feira, situando-se acima dos 100 dólares, no momento em que as sanções pela invasão à Ucrânia já afetam as exportações russas do produto.
O barril do Brent atingiu 107,57 dólares durante o pregão em Londres, pela primeira vez desde julho de 2014, enquanto o WTI subiu a 106,78 dólares, máxima desde junho de 2014.
Nada pôde deter a alta, nem mesmo o anúncio da Agência Internacional de Energia, que liberou ao mercado 60 milhões de barris das reservas de seus países-membros para tentar estabilizar os preços. Segundo a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA), 97 milhõe de barris diários de petróleo bruto e produtos petrolíferos foram consumidos no mundo em 2021.
O barril do Brent para entrega em maio fechou em alta de 7,14%, a US$ 104,97, enquanto o barril do WTI para entrega em abril ficou em US$ 103,41, alta de 8,03%, após subir mais de 11% durante o dia.
"Enquanto a situação se intensifica na Ucrânia, os preços continuarão subindo, porque aumenta a probabilidade de que as exportações russas sejam sancionadas e se tornem inacessíveis", explicou John Kilduff, da Again Capital.
A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo e representa 40% das importações anuais de gás natural da União Europeia. "As sanções diretas às exportações de petróleo e gás da Rússia são uma questão de tempo, e não de probabilidade", afirmou Neil Wilson, analista do Markets.com.
- Isolar Moscou -
Segundo muitos operadores, as exportações russas de petróleo já estão sob pressão. "Alguns dos operadores com quem negocio tentam vender petróleo russo a preços muito baixos, mas ninguém quer", indicou John Kilduff.
"O mundo dos negócios constrói uma fortaleza para isolar a Rússia da comunidade internacional", apontou Susannah Streeter, analista da Hargreaves Lansdown. Empresas de todo o mundo respondem à Rússia "congelando as transações com Moscou e abandonando investimentos que valem bilhões", ressaltou.
A francesa TotalEnergies anunciou nesta terça-feira que "não investirá mais capital em novos projetos na Rússia". A transportadora francesa CMA CGM anunciou a suspensão de novos pedidos envolvendo os portos russos, seguindo suas principais concorrentes, Maersk e MSC.
Isso poderia gerar "uma perturbação nos envios provenientes da Rússia, com cancelamentos de reservas de carga". Em consequência, provocaria um aumento dos preços da energia "a curto prazo, sem que a Rússia feche a torneira", ressaltou Susannah.
Os países ocidentais também excluíram grandes bancos russos da plataforma interbancária Swift. Uma parte considerável do transporte marítimo de petróleo é financiada a crédito.
Moscou prepara um decreto para tentar conter o sangramento de investimentos estrangeiros. "O temor de que a Rússia responda usando suas exportações de energia como arma mantém os preços do petróleo e do gás elevados", explicou Susannah.
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