Setor financeiro, pilar da estratégia ocidental para isolar Moscou

Os países ocidentais atingem onde mais dói: o setor financeiro, alvo de medidas para sancionar a Rússia após a invasão da Ucrânia.

Trata-se de "cortar todos os laços entre a Rússia e o sistema financeiro mundial", explicou o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, nesta sexta-feira (25), antes de uma reunião com seus colegas europeus em Paris sobre esta crise.

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Após uma primeira série de sanções, especialmente contra a comitiva de Vladimir Putin, a União Europeia agora quer limitar drasticamente o acesso da Rússia aos mercados de capitais europeus.

Os detalhes das medidas não foram divulgados, mas seriam semelhantes aos já adotados pelo Reino Unido, que planeja impedir que empresas públicas e privadas arrecadem fundos em seu território e limitar os valores que os russos podem ter em suas contas bancárias britânicas.

Washington já agiu contra alguns agentes financeiros, incluindo os dois principais bancos russos, Sberbank e VTB Bank.

"Excluir um banco do sistema financeiro americano equivale a impedi-lo de fazer pagamentos em dólares", explica Stephen Le Vesconte, advogado do gabinete Linklaters.

Não muito, de acordo com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. "A pressão sobre a Rússia deve aumentar", tuitou.

Por exemplo, os países ocidentais não cortaram a Rússia da rede bancária Swift, que permite receber ou emitir pagamentos em todo o mundo. "É nossa última opção", disse Le Maire.

A Rússia tem reservas cambiais de cerca de 640 bilhões de dólares, a partir de 18 de fevereiro (o dobro do que foi encontrado em 2014, segundo uma nota da Natixis), e um fundo soberano de US$ 175 bilhões. Suficiente para financiar empresas estratégicas, em grande parte públicas.

Vários bancos europeus têm subsidiárias na Rússia. Os mais expostos são o Société Générale da França, o Unicredit da Itália e o Raiffeisen Bank International da Áustria.

Eles sofreram na quinta-feira na bolsa, mas "no momento não sofrem consequências jurídicas", explica Le Vesconte, embora "vão operar em um país onde a moeda perde valor e a inflação pode aumentar drasticamente".

Eles terão que deixar de lado seus clientes se os ativos de alguns deles forem congelados.

Em termos de contribuição para o volume de negócios, "a exposição dos bancos europeus é hoje muito menos forte do que a dos bancos gregos em 2010", relativiza também Éric Dor, diretor de estudos econômicos do IESEG, entrevistado pela AFP.

Na prática, sim, disse à AFP Julien Martinet, advogado da Swiftlitigation.

Ele pega o exemplo do Irã, sujeito a sanções ainda mais duras, e observa que "os sistemas são implementados com o estabelecimento de um terceiro pagador. Mas não é nem oficial, nem aceitável para as grandes instituições bancárias, no âmbito da luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo".

As empresas arriscam muito por não respeitar as sanções. A francesa BNP Paribas foi condenada a pagar uma multa colossal de 8,9 bilhões de dólares por ter enviado dinheiro através dos Estados Unidos de 2004 a 2012 em nome de clientes sudaneses, cubanos ou iranianos.

A alternativa ao dólar é destacada por produtores de petróleo como Rosneft e Gazprom Neft, que "declararam que a opção de pagamento em moedas alternativas foi incluída em vários contratos de fornecimento", explica John Plassard, analista da Mirabaud.

Nicolas Fleuret, especialista do setor financeiro da Deloitte, imagina o uso de criptomoedas "como um veículo de pagamento alternativo". A Rússia produz cada vez mais criptomoedas.

bp/soe/bt/me/eg/aa/mvv

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