Ofensiva total da Rússia na Ucrânia, que decreta mobilização geral

Em menos de 24 horas, tropas russas se aproximaram da capital ucraniana, Kiev, deixando mais de 100 mortos e quase 100.000 deslocados.

A Ucrânia decretou nesta sexta-feira, 25, uma mobilização geral para tentar frear a ofensiva total da Rússia, que em menos de 24 horas se aproximou da capital, Kiev, deixando mais de 100 mortos e quase 100.000 deslocados.

Em resposta à invasão, o Ocidente e seus aliados endureceram as sanções econômicas contra a Rússia, julgadas insuficientes pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que lamentou que seu país tenha foi deixado "sozinho" para enfrentar as tropas russas.

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A mobilização geral afetará pessoas submetidas ao "serviço militar obrigatório e reservistas" e vigorará por 90 dias, especificou o decreto emitido por Zelensky.

Pelo menos 137 pessoas morreram, civis e soldados, e 316 ficaram feridas como resultado dos ataques aéreos e terrestres, disse o presidente.

As tropas russas entraram pelo norte, sul e leste do país e tomaram uma base aérea estratégica perto de Kiev, assim como a área da usina de Chernobyl, ainda contaminada pela radioatividade do acidente nuclear de 1986, quando a Ucrânia fazia parte da agora desmembrada União Soviética.

A base aérea de Gostomel caiu após um ataque realizado por soldados chegados de helicóptero de Belarus, país aliado da Rússia, relataram testemunhas. "Os helicópteros chegaram e começaram os combates. Atiravam com metralhadoras e lança-granadas", disse uma das testemunhas, Serguiy Storojouk.

Esse aeródromo pode servir como posto avançado para o lançamento de uma ofensiva contra Kiev, onde, segundo Zelensky, já há "grupos de sabotagens" russos. Na madrugada desta sexta-feira, a capital acordou novamente com fortes explosões, constatou a AFP.

Na região de Sumy (nordeste), na fronteira com a Rússia e não muito longe de Kiev, todos os municípios "estão cercados" e "muitos" veículos blindados russos marcharam em direção a Kiev, disse o governador Serhiy Zhyvytskiy à agência UNIAN.

O Ministério da Defesa russo disse que todas as missões neste primeiro dia de operações "foram concluídas com sucesso".

O presidente Vladimir Putin, que durante semanas enviou mais de 150.000 soldados nas fronteiras com a Ucrânia, anunciou o começo da ofensiva durante a madrugada desta quinta-feira. O exército russo afirmou que destruiu 74 instalações militares, entre elas 11 aeródromos, e que os separatistas estão avançando e assumindo o controle dos territórios.

Por sua vez, as forças armadas ucranianas estimaram os danos infligidos ao exército russo em mais de 30 tanques, até 130 veículos de combate, 7 aviões e 6 helicópteros.

Putin, que exige que a Otan feche suas portas à Ucrânia, garantiu que não busca a "ocupação" desta ex-república soviética, mas "uma desmilitarização e desnazificação" do país e a defesa dos rebeldes pró-russos.

Quase 100.000 pessoas fugiram de suas casas e milhares buscaram refúgio no exterior, indicou a ONU. Olena Kurilo foi ferida por estilhaços de vidro em sua casa, provocados por bombardeios em Chuguev, perto de Kharkov. "Nunca, sob nenhuma condição, vou me render a Putin. É melhor morrer", declarou a professora de 52 anos, com o rosto coberto de bandagens.

Sanções e impactos na economia mundial 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou restrições às exportações para a Rússia e às importações de tecnologia do país, bem como sanções contra bancos e magnatas russos. Japão e Canadá decretaram medidas similares contra Moscou.

A União Europeia também decidiu adotar sanções com consequências "maciças e severas" contra a Rússia, que terão como alvo o setor financeiro, energia, transporte, controle de exportações e restrições de vistos.

O pacote de sanções "aumentará a inflação, acelerará a fuga de capital e afetará progressivamente a base industrial" da Rússia, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O presidente francês, Emmanuel Macron, que conversou com Putin durante o dia para "pedir o fim imediato" da ofensiva, destacou a importância das sanções, mas também de "deixar o caminho aberto" para um eventual diálogo com o líder russo, quando "condições forem reunidas" para tal.

A invasão afetou os mercados internacionais. O petróleo Brent atingiu US$ 100 o barril pela primeira vez em sete anos e as bolsas europeias despencaram na quinta-feira, embora Wall Street tenha fechado no verde e os mercados asiáticos tenham mantido essa tendência na abertura desta sexta-feira.

A moeda russa, o rublo, atingiu seu mínimo histórico em relação ao dólar antes da intervenção do banco central russo.

Chernobyl 

O governo ucraniano anunciou a ocupação por tropas russas da usina nuclear de Chernobyl. "Depois de uma feroz batalha, perdemos o controle do local de Chernobyl", disse Mikhailo Podoliak, conselheiro-chefe do gabinete do presidente Volodomir Zelensky.

Após a perda desta área, ainda altamente contaminada pelo pior acidente nuclear da história, desconhece-se o estado das instalações, da cobertura que isola o reator danificado e de um depósito para combustível nuclear, observou o alto funcionário.

"Esta é uma das maiores ameaças à Europa hoje", afirmou ele, que acredita que os russos poderiam organizar atividades de "provocação" no local para culpar a Ucrânia.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu "contenção máxima para evitar qualquer ação que coloque em risco as instalações nucleares do país".

Manifestações 

A polícia russa deteve em várias cidades cerca de 1.700 pessoas por participarem de manifestações contra a guerra na Ucrânia, segundo a ONG de direitos humanos OVD-info.

Nas ruas de Moscou, habitantes manifestavam sua preocupação e outros, apoio a Putin.

"Não estou feliz, estou muito nervoso", disse Nikita Grushin, empresário de 34 anos, dizendo não ter ideia de quem "está certo" nesta crise.

"Não vou criticar uma ordem do comandante supremo. Se ele acha que isso é necessário, deve ser feito", declarou Ivan, um engenheiro de 32 anos.

 

 


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