Líderes da UE aprovam ambicioso pacote de sanções contra Rússia

Os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) chegaram a um acordo nesta quinta-feira (24) para impor sanções "maciças e severas" contra a Rússia em resposta à ofensiva militar na Ucrânia, segundo declaração aprovada em uma reunião de cúpula de emergência realizada em Bruxelas.

"As sanções cobrirão os setores financeiro, de energia e de transportes da Rússia", diz a declaração emitida após a cúpula, e deverão ser adotadas "sem demora".

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A UE já havia aprovado medidas restritivas esta semana contra funcionários e entidades russas pelo reconhecimento da independência de dois territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

Na declaração, a UE pede "que a Rússia cesse imediatamente suas ações militares, retire incondicionalmente todas as suas forças e equipamentos militares de todo o território da Ucrânia e respeite a integridade territorial, soberania e independência" deste país.

A Rússia, apontam os líderes europeus no texto, é "plenamente responsável por este ato de agressão e toda a destruição e perdas de vidas humanas que causará. Será responsabilizada por suas ações".

Os detalhes das novas sanções a serem adotadas ainda não foram divulgados formalmente.

No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou ao fim da cúpula que as sanções se basearão em "cinco pilares": setor financeiro, energia, transporte, controle de exportações e restrições de vistos.

Segundo Von der Leyen, as sanções terão um impacto "máximo sobre as elites russas".

O pacote de sanções "fará a inflação aumentar, acelerará a fuga de capital e afetará progressivamente a base industrial" da Rússia, completou.

Um esboço das medidas, ao qual a AFP teve acesso, menciona a proibição de novos depósitos superiores a 100 mil euros feitos por cidadãos russos em bancos da Europa, e seria bloqueado o acesso de várias empresas estatais russas a financiamentos europeus.

O esboço também menciona o veto à exportação de tecnologia, peças e serviços aeronáuticos e aeroespaciais, bem como de equipamentos de renovação de refinarias de petróleo. A proibição também afetaria bens de duplo uso, civil e militar.

O texto também propõe a ampliação dos critérios de inclusão de indivíduos na lista de sanções, para incluir membros da Duma Estatal russa que ainda não foram afetados, membros do Conselho Nacional de Segurança da Rússia e cidadãos de Belarus que facilitaram as operações contra a Ucrânia.

Durante o dia, o alto representante da UE para a política externa, Josep Borrell, havia advertido que o enorme pacote de sanções em estudo - o maior lançado pelo bloque - colocaria a Rússia em risco de um "isolamento sem precedentes".

No final da cúpula, o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, comemorou o fato dos líderes da UE terem decidido adotar um pacote de sanções "no auge de circunstâncias tão dramáticas".

"Aprovamos um pacote de sanções massiças com as quais, junto com o G7 e junto com as economias, vamos infligir danos econômicos muito importantes ao governo" de Vladimir Putin, disse.

"Ademais, congelaremos os ativos russos na UE e impediremos o acesso dos bancos russos ao mercado financeiro europeu", adiantou.

"Precisamos de sanções dolorosas", disse o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, ao chegar à sede da reunião, utilizando uma expressão que, com numerosas variantes, foi repetida por várias fontes.

Em uma entrevista coletiva no final da cúpula, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que era importante condenar a ofensiva russa e aplicar sanções, mas observou que era sua responsabilidade "deixar o caminho aberto" para um eventual diálogo com Putin, assim que "condições forem cumpridas".

Contudo, os países da UE optaram por não excluir agora o sistema financeiro russo do sistema interbancário SWIFT, como havia pedido o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.

Um diplomata europeu revelou à AFP que "vários países" se opuseram a adotar agora essa medida, já que preferiam manter essa carta na manga.

Ao chegar ao local da cúpula, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que "é muito importante que decidamos sobre as medidas que foram preparadas nas últimas semanas e que guardemos todo o resto para uma situação em que seria necessário fazer outras coisas".

No entanto, o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, afirmou que a eventual exclusão da Rússia do sistema SWIFT deveria ser coordenada de forma estreita com outros países ocidentais, em particular os Estados Unidos e o Reino Unido.

Zelensky se conectou à cúpula da UE por videoconferência e, segundo Bettel, expressou "não saber se teria outra chance de falar conosco".

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