Reações na América Latina à crise na Ucrânia

14:17 | Fev. 24, 2022

Por: AFP

Os países da América Latina pediram uma solução pacífica e reagiram com alguns matizes ao conflito na Ucrânia. Brasil e México são os dois países presentes no Conselho de Segurança da ONU, que acompanha de perto a evolução do conflito.

O Itamaraty destacou, em nota, que "acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares" por parte da Rússia e apelou à "suspensão imediata das hostilidades".

O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse à imprensa que "o Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano".

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou nesta quinta-feira que a política externa de seu país continuará "promovendo que haja diálogo, que não se use a força, que não haja uma invasão".

"Não somos favoráveis a nenhuma guerra, o México é um país que sempre se pronunciou pela paz e pela solução pacífica das controvérsias", acrescentou.

Segundo o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, "a posição do México tem sido muito clara, tanto na etapa anterior quanto a partir de ontem à noite, e continuará sendo. Seremos muito claramente contra o uso da força, contra que se ponha em dúvida a integridade de um país independente, que é a Ucrânia, a favor das resoluções das Nações Unidas, a favor do chamamento e da posição do secretário-geral das Nações Unidas".

A Casa Rosada rejeitou "o uso da força armada", "por isso pede à Federação da Rússia a cessar as ações militares na Ucrânia" e pediu respeito à Carta das Nações Unidas e que se aja com "a maior prudência" a fim de desescalar o conflito.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, rechaçou no Twitter "o ataque premeditado e injustificado realizado contra o povo ucraniano por parte da Rússia".

"Não só atenta contra sua soberania, mas também ameaça a paz mundial", acrescentou.

Na Ucrânia moram 68 colombianos e 28 estrangeiros, que fazem parte de seu núcleo familiar. O governo anunciou gestões diplomáticas para "facilitar" sua "saída do território ucraniano", segundo declaração de Duque na sede da Presidência, em Bogotá.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, emitiu uma declaração em suas redes sociais, na qual afirma que o país "condena a agressão armada da Rússia e sua violação à soberania e integridade territorial da Ucrânia. Estes atos violam o direito internacional e atentam contra vidas inocentes, a paz e a segurança internacional. O Chile insta a Rússia a respeitar as Convenções de Genebra sobre o direito internacional humanitário. Colaboraremos com outros países para buscar uma solução pacífica do conflito, dentro do marco do direito internacional e da Carta das Nações Unidas". Segundo a chancelaria chilena, há pelo menos 53 chilenos em várias cidades da Ucrânia.

Até o momento, a Venezuela não reagiu oficialmente à invasão russa da Ucrânia, mas o presidente Nicolás Maduro deixou claro na terça-feira seu apoio às ações de seu contraparte russo, Vladimir Putin. "A Venezuela está com Putin, está com a Rússia, está com as causas corajosas e justas do mundo, e vamos nos aliar cada vez mais", disse Maduro. Após o anúncio da "operação militar" russa, o considerado número dois do chavismo, Diosdado Cabello, expressou o desejo de que "não haja guerra". O ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, escreveu no Twitter que "o objetivo da operação é proteger as pessoas que têm sido alvo de abusos e genocídio por parte do regime neonazista durante oito anos", em sintonia com o discurso do Kremlin.

"O Equador acredita no multilateralismo e está disposto a respeitar e apoiar as decisões que tomar o Conselho de Segurança da ONU", disse na quinta-feira o presidente Guillermo Lasso.

"Repudiamos todo ato bélico que põe em alerta a população civil", escreveu no Twitter anteriormente o chanceler Juan Carlos Holguín.

Cerca de 700 equatorianos estão na Ucrânia.

Em um tuíte de sua chancelaria, o Peru manifestou profunda preocupação com a evolução dos acontecimentos na Ucrânia, rejeitou o uso da força e reiterou seu apelo à suspensão de todas as hostilidades e violações ao cessar-fogo na Ucrânia.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, saudou na segunda-feira passada a decisão de seu colega e aliado russo, Vladimir Putin, de reconhecer a independência de duas regiões do leste da Ucrânia e acusou os Estados Unidos de quererem liquidar Moscou.

"Esta decisão tomada pelo presidente Putin abre a possibilidade de que esta situação não tenha um desenlace maior", disse Ortega.

O presidente Miguel Díaz-Canel, que se reuniu na quarta-feira, em Havana, com o presidente da Duma (Câmara baixa russa), Viacheslav Volodin, expressou posteriormente "sua solidariedade com a Rússia, diante da imposição de sanções e da expansão da Otan para suas fronteiras".

Em um comunicado, o Uruguai manifestou seu "repúdio à ameaça ou uso da força" e que "a solução pacífica das controvérsias constituem princípios que orientam a política externa do Uruguai e conforme eles, nosso país incentiva as partes envolvidas a continuar com as negociações diplomáticas e a busca de acordos políticos, como única forma de dirimir o conflito de interesses existente".

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