Em nota oficial, Itamaraty apela para "suspensão imediata das hostilidades" russas

Na semana passada, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro visitou a Rússia e, ao lado de Putin, afirmou ser solidário à Rússia, sem especificar sobre o que se referia essa solidariedade

11:24 | Fev. 24, 2022

Por: Marcela Tosi
Palácio do Itamaraty na Esplanada dos Ministérios (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O Ministério das Relações Exteriores publicou nesta quinta-feira, 24, nota oficial contrária aos ataques da Rússia na Ucrânia. No comunicado, o Itamaraty afirma que "acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares" russas. Além disso, "apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão".

Desde esta madrugada (horário de Brasília), quando as forças russas começaram os ataques contra Kiev e outras cidades ucranianas, líderes mundiais expressaram suas posições contrárias a Vladimir Putin. Na contramão, a China é o único país a afirmar algum apoio à Rússia. O país "compreende as preocupações razoáveis da Rússia em matéria de segurança", disse o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, a seu ministro russo, Serguei Lavrov. A informação é da AFP.

Na semana passada, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro visitou a Rússia e, ao lado de Putin, afirmou ser solidário à Rússia, sem especificar sobre o que se referia essa solidariedade. A declaração de Bolsonaro criou um desgaste para a diplomacia brasileira.

A nota, divulgada no fim da manhã desta quarta, é a primeira manifestação oficial do governo brasileiro após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O presidente Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou. 

Confira a nota na íntegra:

O Governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia.

O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil.

Como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias.